Economia Titulo Previdência
Renda média dos domicílios chefiados por idosos sobe 0,9%

Método pelo qual o governo corrige os benefícios do INSS acima do piso é criticado por entidade

Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
23/03/2014 | 07:07
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As famílias do Grande ABC que são chefiadas por idosos tiveram expansão média da renda, entre 2012 e 2013, de 0,94%. O percentual já tem descontada a inflação. Mas esse aumento é um problema, entende o presidente da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Etevaldo Santiago de Araújo.

O dirigente diz que o avanço da remuneração da categoria, que em boa parte é formada por pessoas com mais de 60 anos, não acompanha o aumento dos produtos e serviços que atende aos segurados do Ministério da Previdência Social. “O idoso hoje não tem condições de arcar com as despesas necessárias para viver. Não tem como pagar plano de saúde direito. Nem mesmo possui recursos suficientes para custear os seus remédios”, critica Araújo.

Segundo recorte exclusivo da Pesquisa Socioeconômica da USCS (Universidade Muncipal de São Caetano), a renda média mensal das residências com um idoso chefe de família era de R$ 3.644. No ano anterior, R$ 3.610.

Apenas para fim de comparação, a remuneração média das famílias na região teve alta real de 1,4%, de R$ 3.626 para R$ 3.676.

Coordenador do Instituto de Pesquisas da USCS, Leandro Prearo destaca que na região a maioria dos domicílios que que têm um maior de 60 anos como chefe de família é composta por uma pessoa ou casal. “Muitas vezes tem um filho ou parente que mora junto”, observa.

No fim de 2013, 31,1% das famílias das sete cidades se encontravam nessas condições. Ou seja, para cada três domicílios, um tinha idoso como chefe da família.

NO COMANDO - Este é o caso do aposentado Altivo Candido dos Reis, conhecido como Candinho. Aos 78 anos, ele mora em Mauá com o filho mais velho, de 42 anos, e divide as despesas de casa com o primogênito e com o caçula, que já casou mas ainda contribuiu na casa do pai.
Atualmente, Candinho conta com uma aposentadoria que beira um salário-mínimo (R$ 724) e meio. Mas lembra que quando se aposentou, em 1982, conseguia comprar muitas coisas com o benefício, que percebia como bem maior do que o que recebe atualmente. “Hoje é muito difícil.”

Candinho lembrou de acidente recente que sofreu para ilustrar sua opinião de que o benefício é insuficiente. Ele é um senhor atleta. Caminha de segunda-feira a sábado sete quilômetros diários e pratica natação às terças-feiras e quintas-feiras. Mas, há alguns dias, ele caiu com o rosto no chão. “Parece até que alguém me empurrou”, contou em tom de piada. Por isso, revela, gastou quase R$ 2.000 com remédios. “Dinheiro é a pior desgraça do mundo, porque toda desgraça está perto dele. Mas a gente não vive sem ele”, brincou.

CONTRARIANDO - Araújo critica também opinião do secretário nacional de Políticas de Previdência Social, Leonardo José Rolim Guimarães, que concedeu entrevista para o Diário em janeiro.

Na época, o integrante da Pasta declarou que a aposentadoria acima do teto, que é corrigida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) nunca perdeu o poder de compra nos últimos anos. Para o secretário, o reajuste para os aposentados teve até ganho sobre alguns indicadores de inflação.
Porém, Araújo avaliou que a afirmação é errônea. “Como ele pode falar que a aposentadoria acima do teto não perdeu poder de compra? Se você verificar uma pessoa que se aposentou há vários anos com dez salários-mínimos da época, hoje não recebe mais do que quatro”, aponta, o beneficiário da Previdência mauaense.
 




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