A General Motors do Brasil deve anunciar, até julho, novo plano de investimentos para os próximos anos, que deve contemplar aportes para ampliação da capacidade produtiva em todas as fábricas, incluindo a de São Caetano. Os recursos devem ser destinados também à renovação do portfólio de produtos e para atender a requisitos do programa Inovar-Auto, do governo federal, que exige ganhos de eficiência energética (com redução de consumo de combustíveis) nos carros produzidos no País até 2017.

Quando questionado se haverá lançamentos neste ano, o presidente da companhia no Brasil, Santiago Chamorro, adianta que já estão previstas duas novidades, mas ele desconversa em relação a quais serão os modelos, e se um deles pode ser um novo utilitário. Há rumores de que a fábrica de São Caetano produzirá o Tracker, que hoje é fabricado no México.

Ter a produção de um novo modelo é reivindicação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, para que sejam mantidos os 2.000 empregos do terceiro turno da companhia no município, que conta hoje com 11 mil postos de trabalho. O presidente da montadora, no entanto, garante que não há planos de reduzir os turnos na fábrica da região.

Entretanto, o andamento mais lento do mercado automobilístico, neste ano, gera preocupação e pode ocasionar a necessidade de enxugamentos do quadro de funcionários, assinala Chamorro. “A nossa quantidade de funcionários corresponde à realidade do mercado doméstico e de exportações. O ritmo menor de vendas faz a gente pensar na estrutura adequada para atender esse mercado”, diz.

E, no primeiro bimestre, embora o segmento todo tenha crescido 5,5% em número de carros licenciados, totalizando 571 mil unidades, se observados os dias úteis, houve queda de 5%, afirma Chamorro.

O executivo explica que vários fatores contribuem para a redução do ritmo das vendas: os juros em alta – como consequência dos aumentos na Selic (a taxa básica de juros), pelo Banco Central –, a menor disposição dos bancos em oferecer crédito e a redução do nível de confiança do consumidor. Ele cita que o financiamento é uma questão importante, já que, de 65% a 70% das compras de veículos no País são feitas dessa forma.

PROJEÇÃO

Com a soma dessas variáveis, o presidente da GM prevê que o setor caminha para fechar o ano sem crescimento, com praticamente a manutenção do patamar de resultados no mercado interno do ano passado.

Em 2013, o segmento nacional conseguiu emplacar 3,767 milhões de unidades de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) e, neste ano, Chamorro espera que sejam comercializadas 3,750 milhões, ou seja, ligeira queda de 0,45%.

Sua previsão é mais pessimista que a da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que prevê alta de 1,1% para o segmento neste ano.
Além disso, contribui para o cenário mais deprimido a crise na Argentina, que vem restringindo sua importação, devido à falta de divisas em dólar.

A montadora comercializou, no ano passado, 70 mil veículos para esse mercado, de total de 104 mil unidades exportadas. Para 2014, ele projeta queda de cerca de 30% nos embarques para o país vizinho, para 50 mil unidades.

PREOCUPAÇÃO VERDE

A General Motors realizou ontem evento para marcar a conquista, pela fábrica de motores de Joinville, em Santa Catarina, do Leed, na categoria gold, que uma é certificação internacional de construção sustentável emitida pelo U.S. Green Building Council. É a primeira unidade do setor automotivo na América do Sul e a segunda da GM no mundo a receber esse atestado verde. A outra a ganhar esse selo foi a planta fabril de Michigan, nos Estados Unidos, em 2006.

Dentre as inovações existentes na construção das instalações em Joinville – que foram inauguradas há um ano – estão a utilização de energia fotovoltaica (painéis solares), o tratamento de esgoto por meio de jardins filtrantes e tratamento de água por osmose reversa, que permite a reutilização do insumo em vasos sanitários e no uso industrial.

Dentro do conceito sustentável, a companhia deve inaugurar, em breve, em São Caetano, armazém para administrar materiais que entram na linha de montagem da fábrica da região, o qual também passará por processo de certificação verde. Segundo Chamorro, essas novas instalações também estão sendo concebidas com a preocupação de ter melhor aproveitamento de energia e da água, entre outros quesitos.