Turismo Titulo Napa Valley
O fantástico reino dos sabores

CIA, um dos mais respeitados centros de formação de chefs do mundo, abre suas portas para viajantes interessados

Andréa Ciaffone
13/03/2014 | 07:00
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CIA/Divulgação - Horta do Culinary Institute of America


Era uma vez um homem muito sábio que disse “Toda pessoa tem um determinado número de dias para viver, o que significa que tem um número limitado de refeições para fazer ao longo da vida. Por isso, faço cada uma contar”. Nem todo mundo tem uma consciência tão precisa da importância de ser feliz à mesa quanto este senhor, mas é cada vez mais comum na sociedade atual ver as pessoas prestando muita atenção ao que consomem. Desse cuidado costuma nascer a paixão pela alta gastronomia, que se expressa por meio do respeito aos ingredientes, da admiração pelo talento dos chefs,pela apreciação dos bons vinhos e chega até o desejo de reproduzir na própria cozinha algumas das maravilhas que estão nos livros de receitas.
Para os que chegaram a esse ponto de interesse pelo mundo da enogastronomia, o Napa Valley tem o mesmo efeito em termos de entusiasmo que uma viagem à Disney provoca em uma criança. Para os fãs da boa mesa, a HWY-29 (Highway 29) é a versão real da estrada de tijolos amarelos que leva até Oz. No caso da estrada californiana, depois de curtir o caminho, o turista passa por uma série de lugares fantásticos e chega ao reino mágico do CIA (Culinary Institute of America), em Greystone, uma propriedade que fica na cidade de Santa Helena, onde trabalham diversos magos capazes de transformar simples ingredientes em pratos maravilhosos. O prédio de pedra cinzenta do século 19 foi transformado em 1995 na primeira filial do CIA e, de lá para cá, ganhou status de ícone.
Entretanto, ao contrário de Dorothy, que só queria voltar para o Kansas com seu cachorrinho, quem visita o lindo prédio de pedra cinzenta costuma desejar levar um pouco da magia do lugar consigo para casa, o que pode ser em forma de experiências vividas em um dos restaurantes, produtos comprados nas lojinhas ou conhecimentos adquiridos em algum dos cursos de curta duração que o CIA oferece aos visitantes de Napa.
Considerado uma das escolas de gastronomia e enologia mais importantes do planeta, o CIA tem sedes em Nova York, Napa Valley e no Texas, e forma bacharéis em arte culinária e cientistas da cozinha em cursos universitários de quatro anos.
Os cozinheiros de alto nível formados lá geralmente tornam-se chefsem restaurantes balados mundo afora ou abrem seus próprios negócios. A coisa lá é de tão alto nível que o crítico do The New York Timesescreveu: “Quase todas as profissões têm um local de treinamento que se destaca. Os militares têm West Point, a música tem Juilliard e as artes culinárias têm o instituto.”
Vale notar que no corpo docente do CIA em Greystone há um representante brasileiro: o chef Almir da Fonseca. Carioca, mas vivendo há décadas no Exterior, ele é especialista em carnes. Considerado osso duro de roer pelos alunos, é responsável pela avaliação final dos estudantes, que, nas últimas semanas do curso, vão mostrar suas habilidades e ser testados em ação do Wine Spectator Restaurant, um dos espaços mais visitados do instituto e que leva o nome da mais respeitada revista especializada em vinhos do planeta. Não por acaso, o restaurante especializou-se em oferecer aos clientes opções interessantes de harmonização entre vinhos e os pratos.
Uma das coisas divertidas do espaço é que a cozinha é aberta e isso permite ver alunos e professores em ação, o que só aumenta o apetite dos visitantes por vestir um dólmã (a roupa que os cozinheiros usam) e começar a se divertir com as panelas.
O The Conservatory é o outro restaurante do CIA. Lá, a ênfase está no preparo de alimentos frescos, colhidos na horta orgânica mantida pelos alunos.
O terceiro espaço é o Bakery Café by Illy, que, além dos cafés especiais da famosa marca italiana, traz uma coleção de pães, doces e folheados preparados pelos alunos. Obviamente que não dá para ir aos três no mesmo dia. Por isso, os visitantes do Napa Valley costumam visitar o CIA mais de uma vez durante seus dias no vale. Tudo para não passar vontade.

CURSOS
Para não deixar ninguém insatisfeito, o CIA at Greystone oferece uma série de cursos rápidos. Há desde demonstrações de uma hora a aulas de um período (manhã ou tarde) e até propostas mais desafiadoras de uma semana para os viajantes que desejarem melhorar suas habilidades como cozinheiros, padeiros ou sommeliers.
Aos sábados e domingos, às 13h30, o instituto oferece demonstrações culinárias que duram uma hora. As apresentações são feitas no teatro do CIA, chamado DeBaun Theatre, e são feitas por professores que passam uma receita e seu modo de preparo. O ingresso custa US$ 20. Importante: funciona como uma peça de teatro, portanto, não é permitida a entrada de quem chega atrasado. Como nos fins de semana o tráfego na HWY-29 costuma ser intenso, o percurso pode tomar até 45 minutos a mais do que o habitual. Por isso, a dica é se programar para chegar cerca de uma hora antes e aproveitar o tempo para tomar um cafezinho e curtir a paisagem. Para saber qual será o tema das aulas, basta ligar do seu hotel para o telefone do instituto (707-976-2320).
Quem quiser chegar ainda mais cedo pode combinar a aula com uma visita às instalações e descobrir mais sobre o prédio em Greystone, que, além de salas de aula, abriga o Museu da Rolha, um jardim de ervas, a Breistein Collection e o Rudd Center for Professional Wine Studies.
Para quem tem mais tempo ou maiores ambições, há oportunidades de cursos mais elaborados. Por exemplo, para o sábado do dia 26 de abril, o CIA está oferecendo um curso de pães artesanais feitos em casa que dura das 9h30 às 14h30 e custa US$ 250 (cerca de R$ 600).
Já para quem quer exercitar seus dons para compreender melhor os vinhos, o CIA oferece o curso de Análise Sensorial de Vinho com o renomado enólogo Joe Buechsenstein. A experiência dura dois dias, com horário das 9h às 16h, e custa US$ 650 (R$ 1.540).
Para os que querem mais, há cursos como o Italian Cuisine Boot Camp, que se propõe a ensinar receitas das várias regiões da Itália explorando os principais ingredientes e temperos usados em cada uma. Esse ‘acampamento’ dura quatro dias, de segunda a quinta-feira, com horário das 7h às 13h30. O preço da instrução é US$ 1.750, mas o aluno também tem de ter o kit de facas (um para iniciantes custa US$ 155, o que equivale a R$ 370) e um kit de apetrechos que custa US$ 425 (cerca de R$ 1.000).
Já o Gourmet Meals in Minutes, que se propõe a ensinar a fazer pratos sofisticados e rápidos – para atender às demandas dos tempos modernos –, dura cinco dias, das 14h às 20h30, e custa US$ 2.195 (R$ 5.190), mas exige facas e apetrechos.
Há uma infinidade de cursos em diversas datas e a melhor maneira de escolher é explorar o site do instituto (www.ciachef.edu/california). De acordo com o CIA, os cursos costuma lotar com dois ou três meses de antecedência. Dependendo do desejo de participar, vale marcar o curso e depois fazer os preparativos de viagem de acordo com as datas. Mesmo as demonstrações de uma hora enchem com bastante antecedência, por isso é bom se programar. O instituto recomenda que seus alunos procurem ficar nas cidades próximas, A visita ao CIA em Greystone completa-se com uma passada na loja do instituto, onde há utensílios de cozinha das mais famosas marcas. De colheres de pau feitas com madeira de oliveira até equipamentos como batedeiras, a loja oferece todas as ferramentas para o sucesso de um chef.
 




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