Economia Titulo Bolso
Gasto do morador da região com juros cai 7,8%

De 2011 a 2013, os desembolsos diminuíram
R$ 97, passando de R$1.236 para R$ 1.139

Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
11/03/2014 | 07:07
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Claudinei Plaza/DGABC


Em dois anos, os moradores do Grande ABC diminuíram os gastos com juros em 7,8%. A média anual de 2013, de R$ 1.139,21, ficou menor em R$ 97,20 em comparação ao registro de 2011, de R$ 1.236,41.

Essa redução é um reflexo da política monetária adotada pelo governo federal entre os períodos e, também, da desaceleração na demanda por crédito na região.

Os gastos médios de juros são apenas com operações com recursos livres. Ou seja, aquelas em que não há vínculo com programas ou projetos governamentais. E as instituições financeiras têm total liberdade para precificá-las.

Dentre esse tipo de crédito estão cheque especial, cartão de crédito, financiamento de veículo, empréstimos pessoais e refinanciamentos.

As informações são de cruzamento realizado pela equipe do Diário com dados da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), publicados ontem, e de estimativas da população do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O assessor econômico da Fecomercio-SP Guilherme Ditze destacou que a política monetária e o posicionamento dos bancos frente ao cenário ditaram parte das regras para a redução dos gastos com juros.

“Como falamos apenas de crédito com recursos livres, a queda mostra que a redução dos juros no País teve efeito”, disse Ditze.

No dia 31 de agosto de 2011, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu que a taxa básica de juros nacional, a Selic, passaria de 12,5% ao ano, maior patamar desde 11 de março de 2009, para 12% ao ano.

Esta foi a primeira diminuição, de dez seguidas, da Selic, processo que encerrou em 10 de outubro de 2012. A partir daí, apenas em 17 de abril de 2013 a diretoria da autoridade monetária voltou a elevar a Selic, passando de 7,25% para 7,5% ao ano.

No período de encolhimento da taxa, o governo utilizou o crédito como forma de estimular o consumo interno para comprimir os impactos da crise econômica no País. Os bancos aproveitaram o momento e iniciaram competição acirrada, em abril de 2012, pelos clientes, e também seguiram o caminho da Selic, reduzindo suas taxas mínimas e máximas.

Mesmo com o cenário propício, com o custo do crédito inferior, o consumidor da região estava endividado e perdeu um pouco do apetite por dinheiro, o que gerou processo de desaceleração no crescimento do estoque de crédito das famílias.

Segundo informações do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, o saldo de empréstimos ao consumidor na região cresceu 28,17% em 2011, 19,31% em 2012 e 5,94% em 2013. Os percentuais são referentes aos acumulados entre janeiro e novembro, tendo em vista que ainda não há registro de dezembro e a comparação é para períodos equivalentes.

“Essa desaceleração também cooperou para os gastos com juros reduzirem”, avaliou o coordenador do Observatório Econômico, Sandro Maskio.

Para se ter noção, o estoque de crédito da região estava em R$ 14,19 bilhões no começo de 2011. No fim de 2013, passou a R$ 19,61 bilhões. Isso significa que se houve, ao menos, a manutenção do patamar de crescimento da demanda, os R$ 20 bilhões seriam superados facilmente.

Neste ano, segundo os especialistas, por conta da tendência de alta da Selic, os gastos com juros bancários deverão pesar mais no bolso do consumidor.




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