Política Titulo Entrevista
‘Serei a candidata de Diadema e do governo’

A bancada do PV tem trabalho com o governador de total transparência e lealdade, de parceria. Sei o que nesses dois anos nós cumprimos (o acordo)

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
09/03/2014 | 07:29
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Ricardo Trida/DGABC


A deputada estadual Regina Gonçalves (PV) avisa aos candidatos à Assembleia Legislativa que tentarem abocanhar votos em Diadema com discurso de alinhamento à gestão de Lauro Michels (PV): ela é a postulante da cidade, do partido e do governo. “A candidata do partido e da cidade sou eu. Estou preparada para esse embate. Vou responder pela administração, mesmo não estando no Poder Executivo”, anuncia a verde, madrinha política do prefeito diademense. Em entrevista exclusiva ao Diário, Regina reconhece que haverá briga por espaço eleitoral no município com nomes de fora de Diadema, mas que, no dia a dia da campanha, ela será cobrada pelas benfeitorias e possíveis ônus do trabalho de Lauro à frente da Prefeitura. “Não posso querer responder sobre questões do governo (Carlos) Grana (PT) em Santo André ou do (Luiz) Marinho (PT) em São Bernardo não sendo da cidade.” A parlamentar avalia cenário da eleição ao governo do Estado – onde coloca o governador Geraldo Alckmin (PSDB) como franco favorito na disputa – e ao Palácio do Planalto, anunciando que o PV não vai compor com o PT de Dilma Rousseff. “O governo federal com o PT é um dos piores na questão ambiental. Já era ruim com o Lula e com a Dilma (Rousseff) piorou. Em âmbito nacional e nem no Estado jamais fecharíamos com o PT. Porque temos discordâncias claras daquilo que defendemos”. Em ambas corridas eleitorais o PV sinaliza com candidatura própria: o vereador paulistano Gilberto Natalini na concorrência ao Palácio dos Bandeirantes e o ex-deputado federal Eduardo Jorge para o governo federal. Regina salienta que as candidaturas fazem parte de estratégia eleitoral verde de continuidade de crescimento partidário, já que a sigla obteve 20% dos votos presidenciais em 2010, quando a presidenciável foi a ex-senadora Marina Silva (hoje no PSB). “O PV tem tido essa postura ao longo dos anos. Há voto de legenda, fortalecimento que não podemos desprezar, hoje é a terceira bancada da Assembleia. Na eleição passada, fomos o terceiro voto de legenda no Estado.”

DIÁRIO – Já há uma definição se a sra. deixará o mandato ou continuará até o fim do ano com o retorno de Edson Giriboni (PV) à Assembleia?
REGINA GONÇALVES – Ainda não sabemos. Trabalho com hipótese de sair no limite do tempo legal (em abril). Mesmo assim não posso afirmar porque tem muitas coisas acontecendo. Não quero medir minha atuação em estar ou não saindo. Quero medir o que consegui trazer em três anos e o que não foi pouco. Na questão de produtividade, ao entrar na Assembleia num primeiro mandato, tinha receio estar entre os 94 deputados e não conseguir mostrar referencial ou personalidade do mandato. Acho que consegui fazer isso. De pronto consegui chegar a um ponto de escala dentro da Assembleia que poucos deputados conseguiram. Fui relatora por dois anos da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), fui líder da bancada do PV, conquistei espaço que poucos deputados conseguiram.

DIÁRIO – Como passar ao eleitorado a importância dos trabalhos de relatoria da LDO e liderança do PV, sendo que essas funções têm perfis técnicos e políticos?
REGINA – É difícil você tornar isso popular. Mas na prática aquilo que consegui trazer para Diadema e outras cidades, e algumas discussões de âmbitos regionais, passam pela questão orçamentária. O fato de eu estar dentro da Comissão de Finanças da Assembleia me permitiu abrir porta de discussão para melhor distribuir recursos para Saúde e Educação, que são as duas áreas de atuação, juntamente com Mobilidade Urbana. Talvez se fosse pelos caminhos normais teria trazido R$ 4 milhões para Diadema, por emendas. Minha atuação enquanto líder e me destacando na Comissão de Finanças me permitiu discutir outros meios de Orçamento para trazer investimento para região para um todo. Saí do trivial do deputado.

DIÁRIO – A sra. ficou satisfeita com seu desempenho na Assembleia?
REGINA – Estou satisfeita. Conseguimos produzir em três anos o que outros em mesmo período não conseguiram produzir. É muito da forma como trabalho. Não quero saber quem é, quero discutir o problema. Disputas eleitorais se dão em campanha, não fora dela. Na minha cabeça funciona assim. Foi dessa maneira que aprendi a fazer política.

DIÁRIO – Como a sra. projeta a eleição para deputado estadual?
REGINA – Cada eleição tem seu momento político. Se considerarmos o momento político que estou hoje do que tinha anteriormente, sem dúvida tenho valores agregados nos últimos três anos que me possibilitam interagir de forma mais direta com o eleitor. Acho que estou em melhores condições, num outro patamar.

DIÁRIO – Em algumas cidades, como São Bernardo, a eleição de 2014 certamente será prenúncio do pleito de 2016. Em Diadema será semelhante?
REGINA – Toda campanha de 2014 aponta cenário de 2016. No caso específico de Diadema, não tenho dúvida de que a campanha de 2014 vai focar do governo local, apesar de ser de cunho estadual e nacional. Vai ser colocado esse questionamento. E quem é a candidata do partido e da cidade sou eu. Estou preparada para esse embate.

DIÁRIO – A sra. se coloca como candidata do governo Lauro?
REGINA – Vou representando minha cidade, meu partido e o governo. Não posso querer responder sobre questões do governo (Carlos) Grana (PT) em Santo André ou do (Luiz) Marinho (PT) em São Bernardo não sendo da cidade. Não tenho como ser cobrada diretamente de algo que não estou no local. Haverá acirramento, não só em Diadema, mas no Grande ABC, já contando a disputa de 2016.

DIÁRIO – Sem José de Filippi Júnior (PT) e José Augusto da Silva Ramos (PSDB) a eleição muda?
REGINA – É novo momento. Não podemos subestimar força e representatividade de ninguém. Mas é novo momento, nova abordagem, que tem governo do PV, Lauro enquanto prefeito, Filippi fora de Diadema, mas operando, coordenando campanha do Mário (Reali, PT).

DIÁRIO – A sra. acha que o Filippi volta numa disputa eleitoral em 2016 em Diadema?
REGINA – Não posso falar isso, mas nada se pode descartar. Não subestimo ninguém nem descarto absolutamente nada. Pessoas que afirmam muito antecipadamente decisões políticas antes da hora correm risco de ter de se explicar depois. Prefiro construir cenários, trabalhando os possíveis e preparado para eventualidades.

DIÁRIO – Como a sra. enfrentará candidaturas do PSDB de fora da cidade? Irão atrapalhar?
REGINA – Candidatos de fora estarão presentes como estiveram no passado. O que vai acontecer é eu assumir essa função (de candidata da cidade e do governo Lauro). O que vai acontecer é candidatos tendo seus grupos políticos na cidade, seus votos, da mesma forma como eu tenho os meus em Santo André, São Bernardo. Na hora de você ir para o dia a dia da campanha, quem será cobrada serei eu. Se houver contras candidaturas da cidade serão cobradas da mesma forma. E estou preparada porque sou do PV, o prefeito é do PV e tem o governo do PV. Vou responder por ele, mesmo não estando no poder Executivo.

DIÁRIO – É importante para o PV ter um candidato a deputado federal por Diadema?
REGINA – É discussão de partido. O PV tem maturidade para discutir essas esferas partidariamente.

DIÁRIO – Da mesma forma o cenário ao governo do Estado?
REGINA – Da mesma forma. Foi colocado como pré-candidato o Gilberto Natalini (vereador por São Paulo). Pode sedimentar ou não. O que não pode diminuir é a legitimidade de partido de ter seu candidato. É a forma de colocar seus programas no primeiro turno. Qualquer partido que quer se fortalecer precisa disso. O PV tem tido essa postura ao longo dos anos. Há voto de legenda, fortalecimento que não podemos desprezar, hoje é a terceira bancada da Casa. Na eleição passada, fomos o terceiro voto de legenda no Estado.

DIÁRIO – A sra. se põe a favor da candidatura do Natalini?
REGINA – Estou defendendo a candidatura e o projeto político do partido. Somos base de sustentação do governo do Geraldo Alckmin (PSDB), a bancada do PV tem trabalho com o governador de total transparência e lealdade, de parceria. Sei o que nesses dois anos nós cumprimos num momento que ele mais precisou. O PV esteve presente. Consegui liderar uma bancada que conseguiu dar ao governador 100% de votação nesses dois anos. Coisa que nem outros partidos conseguiram, inclusive o dele próprio.

DIÁRIO – Quando haverá definição sobre a pavimentação ou não da candidatura do Natalini?
REGINA – Em junho a gente vai definir. Tem muitos cenários. Quando você imaginaria em outubro teria o PSB na situação que está? O PSB estava fechadíssimo com o PSDB e hoje tem cenário totalmente diferente.

DIÁRIO – Qual balanço a sra. faz da eleição a governador?
REGINA – A eleição estadual desta vez aponta alguns cenários. Vejo pelo interior que o governador está muito forte, teve crescimento de crescimento em alguns nichos de área metropolitana e há várias candidaturas que podem despontar e outras que são só agora. Na hora do embate não vejo essas pessoas se deslanchando. O (Paulo) Skaf (pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes pelo PMDB), por exemplo, foi extremamente forçado porque ele fez inserções (na mídia) durante um ano e ninguém falou nada, só agora foram atrás. Não vejo o Skaf apontando muito além disso. Ele tem teto e na hora que for para o embate, quando tiver de ser ele mesmo, isso vai apontar outras coisas que o farão recuar. Há crescimento de outras candidaturas, mas sem dúvida o governador aponta como favorito.

DIÁRIO – Na esfera nacional o PV tem como pré-candidato o Eduardo Jorge. A legenda terá mesmo candidato ao Palácio do Planalto?
REGINA – O governo federal com o PT é um dos piores na questão ambiental. Já era ruim com o Lula e com a Dilma (Rousseff) piorou. Em âmbito nacional e nem no Estado jamais fecharíamos com o PT. Porque temos discordâncias claras daquilo que defendemos.
 




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