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Peça 'Il Trovatore' estreia no Teatro Municipal
07/03/2014 | 08:00
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Sentado na plateia do Teatro Municipal na manhã de quinta-feira, 06, o diretor Andrea De Rosa se relembra de uma exposição que visitou na sua Itália natal. A fotógrafa, ele já não se recorda do nome, separou vinte retratos, nos quais apareciam apenas o rosto das pessoas. Embaixo de cada uma, a legenda: "pedófilo"; "serial killer"; "assassino". Na sala seguinte, as mesmas fotos, agora com legendas trocadas. E, no fim da mostra, a informação real: quem eram aquelas 20 pessoas e, surpresa, nem todas eram criminosas.

"Se eu colocar sua foto no jornal e dizer que você é um serial killer, tudo o que você já fez na vida será lido como um preâmbulo àquele momento em que você cometeu seu crime", diz ele. "Mas no teatro isso não pode acontecer, não é função do encenador escrever legendas ao público, limitar sua percepção", continua, fazendo a ligação com a sua montagem de Il Trovatore, de Verdi, que abre neste sábado, 08, a temporada lírica do Teatro Municipal, com regência de John Neschling. "Se posso definir minha produção em uma preocupação, é a de, respeitando o texto, abandonar as convenções que há tantas décadas estão presentes em interpretações dessa ópera."

Il Trovatore é uma das mais queridas obras de Verdi, está repleta de árias famosas. Ao lado de La Traviata e Rigoletto, na evolução do drama verdiano - ou seja, na busca daquele momento por trazer ao palco personagens marginalizados - é também fundamental. Mas, justiça seja feita, tem um dos textos mais malucos e mal acabados do repertório operístico: Manrico e o Conde amam Leonora; o primeiro é filho da cigana Azucena; o segundo tenta levá-la à fogueira por ter matado seu irmão, mas, na verdade, o irmão de Luna é mesmo Manrico que, ah não!, ele acaba de matar...

De Rosa concorda com o caráter do enredo. Relembra que tanto a Traviata quanto o Rigoletto possuem histórias mais lineares e arquitetadas de modo mais eficiente. Na Traviata, por exemplo, há um arco, com a ópera começando e terminando em Paris, ou seja, o mesmo cenário serve de pano de fundo para que percebamos as mudanças pelas quais passam as personagens. Mas, no Trovatore, o que seria um problema, para o diretor tornou-se solução. "Quando se tem um libreto com várias idas e voltas como este, mais próximo de um romance do que de um texto teatral, com muitos pedaços a preencher, torna-se possível fazer diversas leituras e descobrir novos aspectos da história." E isso, afirma, se encaixa perfeitamente na sua tentativa de oferecer na montagem algo novo e, ainda assim, próximo do original. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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