Política Titulo Uniformes
Luiz Marinho se
movimenta para barrar CPI

Prefeito reúne seus aliados para orientá-los a não
assinar apuração sobre compra de tênis na cidade

Beto Silva
Cynthia Tavares
26/02/2014 | 07:28
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Orlando Filho/DGABC


 Preocupado com a evolução das denúncias sobre licitação de tênis, considerada fraudulenta pelo Ministério Público, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), reuniu os 12 vereadores da base aliada – menos os oito petistas, que têm compromisso inflexível com o governo – para orientá-los a não assinar pedido de CPI dos Uniformes.

Até agora, a oposição tem sete assinaturas para emplacar a investigação no Legislativo. São necessárias dez. Hiroyuki Minami (PSDB) tem compromisso de rubricar a abertura da comissão na sessão de hoje. Portanto, dois governistas teriam de ser a favor da apuração.

Marinho não quer que isso aconteça e se movimentou. Porém, há possibilidade de a bancada contrária à gestão petista convencer algum adversário, diante da seriedade do tema. “Pelo que tenho sabido, o Ministério Público já fez vários levantamentos conclusivos. A coisa está bem encaminhada, não sei o que uma CPI viria a contribuir. Apesar de ser da bancada (de sustentação), não participo do governo. Não sei com clareza o que houve. Se houver necessidade de mais esclarecimentos, vamos fazer a CPI. Só não quero entrar no jogo de politicagem da oposição. Mas, se houver necessidade, vou assinar. Se perceber que falta esclarecer, a gente vai assinar”, discorreu Antonio Cabrera (PSB).

José Ferreira (PT) diz que não tem sentido instaurar a CPI. “Nossa orientação é de que não é para assinar. Não existem fatos para isso. É desnecessário. Todo o trabalho da CPI é encaminhado ao MP, para completarem a investigação. Já está lá no MP. Não são quatro ou cinco vereadores que vão apurar isso”, analisou o governista.

Ontem, sete dos oito vereadores da oposição – do bloco, Estevão Camolesi (PPS) não compareceu, mas os 28 integrantes da Câmara foram convidados – estiveram reunidos com os promotores Lafaiete Ramos Pires e Mylene Comploier, responsáveis pela investigação de conluio entre empresas, fraude em licitação, formação de quadrilha, falsidade ideológica e peculato. Segundo a promotoria, houve desvio de ao menos R$ 3 milhões na compra de tênis distribuídos para alunos nos anos de 2010, 2011 e 2012.

Desde domingo o Diário publica reportagens com documentos, obtidos com exclusividade, que apontam as irregularidades – textos sobre o assunto, porém, são veiculados desde setembro de 2012.

Notas fiscais achadas em busca e apreensão feitas pelo MP no início do mês mostram suposta propina e concluiu entre as empresas que, com ajuda de funcionários públicos, formavam cartel para vencer as concorrências.

Foram esse esquema e os documentos que os promotores expuseram aos parlamentares ontem. Cópia do processo investigatório, de 40 volumes, será enviada para a Câmara. Na sessão de hoje, os vereadores oposicionistas explanarão para os governistas e para a população as impressões do encontro com a promotoria.

“A reunião foi importante porque a promotoria nos entregou o relatório sobre a questão dos tênis. O importante é que existe uma conclusão de que houve superfaturamento e, além disso, direcionamento na licitação”, frisou Julinho Fuzari (PPS).

A empresa G8 seria a cabeça do esquema e organizava o grupo de outras companhias. Ela pertence a Marcos Divino Ramos, que chegou a ser preso em Curitiba, em agosto de 2012, a partir de investigação do Ministério Público do Paraná. Posteriormente foi solto, mas ainda responde a processo. Em Londrina, foi constatada fraude na licitação de kits escolares, cujas atas usadas eram de São Bernardo.

A gestão Marinho não se manifestou sobre o caso. Nenhum representante da G8 foi encontrado para comentar.

Colaborou Gustavo Pinchiaro




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