O pesadelo de um outro racha devastador assombra o PT da região. O caso corre risco de ser deflagrado em São Bernardo na indicação do sucessor do prefeito Luiz Marinho (PT), o que pode levar a sigla a fracassar na eleição de 2016, situação que ocorreu em outras ocasiões históricas em cidades do Grande ABC, berço político da legenda.

Apesar do discurso de unidade, a divisão do petismo se dá entre os apoiadores do secretário de Serviços Urbanos, Tarcísio Secoli, e o pré-candidato a deputado estadual e presidente do São Bernardo Futebol Clube, Luiz Fernando Teixeira, cotados para tentar manter o partido no comando do Paço.

A fissura passa por todas as instâncias: Paço, Câmara e o diretório local. A definição sobre o indicado que vai representar os petistas no páreo tende a ser definida apenas em 2015. Essas discórdias já resultaram em derrotas onde a vitória era dada como certa.

Na cidade, por exemplo, o desentendimento interno gerado em 1992 deixou o petismo 16 anos longe do poder. Na época, o prefeito Maurício Soares queria indicar o então secretário de Obras, Laurentino Hilário, para disputar a sua sucessão, mas a direção partidária optou pelo ex-deputado estadual Djalma Bom, que acabou derrotado por Walter Demarchi (PTB).
Insatisfeito com a decisão da cúpula da legenda, Maurício deixou o PT e tornou-se um dos mais ferrenhos opositores do partido no município. Ele foi eleito para comandar o Executivo em 1996 e 2000, por PSDB e PPS, respectivamente.

Maurício renunciou ao cargo em 2003, sendo substituído por William Dib (PSDB, então no PSB). O ex-prefeito só retornou ao PT em 2008, quando declarou apoio a Marinho na disputa eleitoral.

Em Santo André, a disputa interna de 2007, entre a então vice-prefeita Ivete Garcia e o deputado Vanderlei Siraque, para concorrer à sucessão de João Avamileno (PT) resultou na vitória do vereador de primeiro mandato Aidan Ravin (PSB, ex-PTB). Ivete ingressou nas prévias, mas foi derrotada por Siraque. Os desentendimentos desencadeados pelo processo deixou sequelas que até hoje permeiam no PT andreense.

Em contrapartida, a sigla obteve reviravolta na cidade quatro anos depois, desbancando Aidan, que não conseguiu se reeleger ao enfrentar a candidatura consensual do deputado Carlos Grana (PT) ao comando do Paço.

A última derrota petista no Grande ABC deflagrada por um racha ocorreu em 2012, quando o prefeito Mário Reali não conseguiu a reeleição, sendo derrotado por Lauro Michels (PV). O entrevero notório entre os petistas no processo eleitoral provocou desdobramentos.

Virtual candidato a deputado federal, Reali terá apoio reduzido em seu projeto político. A maioria dos representantes da legenda no Legislativo assumiu compromisso com outros postulantes em detrimento a apoiarem o presidente do diretório petista.