Economia Titulo Trabalho
Paranapanema demitirá
260 pessoas em Sto.André

Fabricante de metais diz que 110 funcionários
vão ser remanejados de Capuava para Utinga

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
21/02/2014 | 07:25
Compartilhar notícia
Marina Brandão/DGABC


A fabricante de metais não ferrosos de capital aberto Paranapanema avisou que vai dispensar 260 trabalhadores de sua unidade do bairro Capuava, em Santo André. O grupo atua na produção de um tipo de tubo de cobre, de baixa espessura, que também é feito na planta fabril de Utinga, na mesma cidade.

Segundo o diretor-presidente da empresa, Christophe Malik Akli, a fábrica de Utinga, inaugurada em outubro, teve produção recorde em janeiro e está em vias de repetir a dose neste mês. “Compensou e superou o volume que é fabricado em Capuava”, destacou o executivo, como justificativa para a desativação da linha no local.

Como a unidade de Capuava tem, aproximadamente, 370 empregados, 110 serão transferidos, em até 12 meses, para Utinga. Isso porque eles atuam na produção de tubos com maior espessura, cuja linha continua em atividade e vai passar para a unidade vizinha. “Este é um prazo para a adequação industrial”, afirmou Akli.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá se reuniu com a diretoria da empresa na tarde de ontem. A entidade pediu, inicialmente, a manutenção dos 260 funcionários que entraram no corte. “Mas, a diretoria disse que não há espaço para realocar esses trabalhadores”, explicou o secretário administrativo e financeiro da entidade, Adilson Torres Santos, o Sapão.

Caso a negociação sobre a manutenção dos funcionários – que receberam ontem, às 11h, a informação sobre a demissão por meio de telegrama – não avance, Sapão afirmou que reivindicará os diretos dos trabalhadores. “A princípio nós não queremos as demissões. Mas, se a empresa não voltar atrás, vamos lutar para que ela garanta todos os direitos aos demitidos e, também, alguns benefícios, como convênio médico e colaboração para realocação em empregos”, explicou Sapão.

Hoje, o sindicato negocia com a com a empresa às 7h, e realiza assembleia às 9h para informar os detalhes da conversa aos trabalhadores.

Akli se mostrou solícito para atender possível proposta do sindicato em relação a benefícios adicionais. “Mas, essa decisão terá que passar pelo aval do conselho de administração (já que a empresa possui capital aberto)”, destacou.

No entanto, o presidente deixou claro que pretende acelerar o processo de negociação para que os trabalhadores não sejam prejudicados. “Estamos tratando de pessoas e que merecem total respeito da empresa neste momento.”

SEQUELAS - Outro ponto em discussão nas negociações é um pacote de benefícios ou indenização para os trabalhadores com doenças ocupacionais que têm estabilidade até a aposentadoria.

Segundo Sapão, a ideia do sindicato é pedir para que a companhia pague indenização que seja suficiente para compensar os anos de salário que os empregados estáveis teriam, até que se aposentem pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Akli garantiu que esses detalhes serão tratados com atenção. “A companhia respeita muito essas pessoas. Nossa primeira ideia é realizar uma compensação financeira pelo o que a lei determina”, disse. Mas, reafirmou que todas as propostas serão apreciadas pelo conselho de administração da empresa.

O problema é que a recolocação dos cerca de 70 funcionários sequelados no mercado de trabalho é uma tarefa difícil. Isso porque muitos deles têm suas funções motoras limitadas para alguns serviços.

Cícero dos Santos Silva, 50 anos, tem 24 anos de Paranapanema e recebeu estabilidade por problemas no tendão. “Vou procurar meus direitos na Justiça”, garantiu.

O antigo operador de forno e atual auxiliar administrativo Luiz Antonio Pereira, 46, também se mostrou muito preocupado com a atual situação. Ele teme não conseguir mais emprego, tendo em vista que perdeu uma perna na empresa em 1990.

Rogério Castanhola, 42, teve rompimento de ligamento no ombro e disse que a batalha de se recolocar será árdua. “Ainda não caiu a ficha.” Ele tem quatro filhos e é o único que leva renda para casa.
 

Companhia estima mais modernizações

Satisfeito com os resultados da fábrica de tubos de cobre inaugurada em 2013 no bairro Utinga, em Santo André, o diretor-presidente da Paranapanema, Christophe Malik Akli, disse que a tendência é que a empresa modernize ainda mais a unidade, e também instale nova fábrica de tubos de cobre de maior espessura, no mesmo local, sem entrar em detalhes.

Em outubro, a metalúrgica anunciou investimento de R$ 150 milhões na planta de fabricação de cobre sem costura na unidade de Utinga. E, até 2015, realizará aporte adicional de R$ 300 milhões.

A nova fábrica vai de acordo com a visão da empresa de que era necessária atualização tecnológica na linha de produção dos tubos de cobre mais finos, justamente na qual atuavam os 260 funcionários que serão demitidos. Isso porque, em estudos, iniciados em 2011, a companhia de capital aberto verificou queda na participação de mercado.
Porém, Akli reforçou que, embora essa seja sua visão, “tudo depende da decisão do conselho de administração.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;