Automóveis Titulo Antes e depois
Entre o moderno e o retrô

Chevrolet Camaro, Mini Cooper e VW Fusca
apostam na originalidade quando assunto é design

Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
19/02/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A nostalgia está em alta. Vestimenta, acessórios, gírias, tudo está voltando com força a fim de reeditar a moda. Em pleno século 21, basta olhar para o lado e perceber que sempre tem alguém calçando AllStar, comendo Lolo ou mesmo ouvindo aquele flashback. Os mundos da moda, da arte e da gastronomia perceberam que o retro tem um apelo incontestável para cair no gosto das pessoas. E por que isso seria diferente entre os carros?

Quem nunca notou que hoje em dia diversos modelos fazem alusão a versões do passado? Aqui, nós reunimos três deles: Chevrolet Camaro, Mini Cooper e Volkswagen Fusca. Cada um tem sua história. Em comum, a fama de ícone e a paixão que despertam nas mais variadas gerações.

FIAT CINQUECENTO

Assim como os demais, além de ser considerado carro de nicho, ter preço levemente salgado (parte de R$ 45 mil) e carregar apenas quatro pessoas, vulgo 2+2, o Fiat Cinquecento não poderia estar de fora dessa lista. Para garantir o sucesso de público e de crítica, o pequenino foi totalmente reinventado nos anos 2000 pelo Centro Stilo Fiat Itália, mas sempre de olho na originalidade. 

Faróis redondos, capô curto e até mesmo o bigodinho que ladeia o símbolo da montadora, tudo foi pensado para fazer alusão ao modelo que completava 50 anos. A releitura do compacto foi lançada em julho de 2007 na Europa. No Brasil, chegou somente em outubro de 2009.

 

Gerações desenhadas em mais de meio século de história

Respeitando a importância na história brasileira, vamos começar falando do Volkswagen Fusca – que teve mais de 3 milhões de unidades produzidas em São Bernardo. O modelo foi concebido na década de 1930 pelo engenheiro austríaco Ferdinand Porsche, a pedido do governo da Alemanha.

Foi fabricado por aqui entre 1959 e 1986. Anos depois, em 1993, voltou a pedido do então presidente da República Itamar Franco, figurando nas revendas até 1996. Em 2012 – depois de uma era de comercialização do malsucedido (no Brasil) New Beetle –, eis que a Volks arregaçou as mangas e tratou de relançar o Fusca. 

Na verdade, o carro foi somente rebatizado no Brasil. Lá fora, o modelo atende por outros nomes, como o francês Coccinelle ou mesmo o italiano Maggiolino. 

O fato é que, mesmo com poucas alterações, o Fusca deixou de lado o aspecto afeminado do New Beetle e incorporou a masculinidade. Mas, como isso foi possível? Em busca de respostas, fuçamos os arquivos da VW.

A marca explica que seus 15,2 centímetros a mais no comprimento (4,28 metros no total) possibilitaram a extensão do teto, o que permitiu ao para-brisa ser deslocado para trás, deixando assim a seção dianteira como no Fusca original. O New Beetle, pelo contrário, era, resumidamente, separado em três partes côncavas.

O INÍCIO

Segundo o departamento de design do grupo Volkswagen, o objetivo foi “criar um novo original!” É isso aí, era necessário bolar algo inédito a partir das formas exclusivas do Fusca. Voltar às raízes. E assim, das pranchetas do centro de design de Wolfsburg, na Alemanha, surgiram as formas da nova geração do besouro, um carro do presente e ao mesmo tempo um tributo ao modelo original. 

Como é possível notar pelas fotos, características marcantes do Fusca de décadas atrás permaneceram na nova geração. Como exemplos, é possível citar os para-lamas salientes, o formato do capô, as soleiras laterais e das portas, e o design limpo das lanternas traseiras – estas, agora, separadas pela tampa do porta-malas e não mais pelo capô do motor, colocado atrás, originalmente.

Outra semelhança gritante com o revolucionário da década de 1930 são os faróis arredondados – diga-se, o único Volkswagen atual com tal formato. Mas, claro, ao contrário do saudoso Fusquinha, a tecnologia de hoje permite mimos como iluminação em LED e faróis bi-xenônio.

Essa é só uma dentre tantas inovações deste modelo que, como já é de conhecimento geral, está longe de ser um ‘carro do povo’, como foi a ideia inicial, lá atrás, ainda no século 20... Hoje, o Fusca custa quase R$ 100 mil e carrega o motorzão 2.0 TSI de 200 cv, capaz de fazer o ponteiro do velocímetro bater nos 223 km/h.

Quinta geração do Camaro rememora modelo original

Achou que o Fusca é capaz de fazer muito? Não quando tais números são comparados aos do Chevrolet Camaro, que é movido pelo bloco 6.2 V8 de até 406 cv. Mas é bom lembrar que aqui a história é outra. O carro já nasceu muscle car em solo norte-americano e lá na década de 1960 – sim, a primeira geração reinou entre 1967 e 1969 e inspira o modelo atual, já na quinta fase.

Bom, mas o assunto aqui é design. “Renovar o Camaro, ícone da esportividade da marca Chevrolet, que possui linhas tão bem resolvidas, foi um grande desafio”, resume Carlos Barba, diretor executivo de design da GM do Brasil.

De acordo com a equipe da marca, o Camaro vendido por aqui é exatamente o mesmo comercializado nos Estados Unidos. Do ponto de vista estético, a única diferença está na iluminação dos faróis, feitas com xenon no modelo norte-americano.

De resto, a mesma cara agressiva que ainda deixa muito marmanjo boquiaberto por aí. Em outubro, este camarada ganhou redesenho – o capô foi rebaixado em duas polegadas e os faróis e a grade sofreram modificações. 

Atrás, mais mudanças. As lanternas têm novo grafismo e incluem as luzes de ré. Por dentro, a mescla de mostradores analógicos e digitais dita o equilíbrio entre o moderno e o retro.

Nascido em 1959, Mini mantém linhas marcantes

Voltando ao segmento de hatches premium, outra referência em design é o Mini Cooper, que se mantém praticamente fiel ao modelo original, datado de 1959. Mais precisamente, a apresentação do Mini clássico ocorreu em 26 de agosto daquele ano, graças ao trabalho do engenheiro Alex Issigonis, que desenhou um revolucionário automóvel com soluções inovadoras – como o motor montado transversalmente e tração dianteira.

Assim como no modelo atual, eram marcantes a grande entrada de ar, ladeada por faróis arredondados, e as pequenas lanternas traseiras em formato vertical. Além disso, sempre foram exaltadas características como manejo extremamente ágil, economia e, por que não dizer, diversão.

Vale lembrar que em 1994 o BMW Group assumiu a responsabilidade pela produção da Mini. Porém, só em abril de 2009 o modelo – lançado em 2001 na Inglaterra em três versões: One, Cooper e Cooper S Supercharger – passou a ser vendido oficialmente por aqui.

Mudanças visuais entre os Mini vendidos no País e as unidades comercializadas lá fora? Nenhuma, afirma a assessoria de imprensa da marca no Brasil, que comemora as mais de dez mil unidades emplacadas desde seu lançamento. Preços partem de R$ 76.950 na configuração One.

E por falar em sucesso, não é de hoje que a família Mini enfeita as garagens de celebridades. Já na década de 1960, após a conquista do Rally de Monte Carlo, o compacto já mexia com o imaginário de personalidades como os Beatles, Peter Sellers, Graham Hill e Enzo Ferrari, por exemplo.




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