"Nosso desafio é formar 30 mil alunos neste ano", disse o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, que também preside o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, sobre o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) Brasil Maior.

A declaração ocorreu ontem, após ele assinar um convênio entre a agência e o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), em Brasília, para ampliar as vagas do Pronatec no Grande ABC. A assinatura veio das mãos do ministro Fernando Pimentel.

"Agora dependerá muito da nossa capacidade de diálogo com as empresas, para saber a demanda delas e assim pedir a abertura de vagas", explicou Marques.

Com essa assinatura, iniciantes nas profissões, que buscam uma preparação para se adequar ao ofício nas empresas da região, e trabalhadores já em atividade, que procuram qualificação profissional por necessidade do empregador, por exemplo, terão acesso a mais cursos técnicos gratuitos nas escolas do Senai.

Essas aulas terão carga horária mínima de 160 horas e máxima de 400 horas. E as grades serão definidas conforme a demanda de qualificações das empresas, apuradas pela agência, que, por sua vez, passará a demanda para o MDIC.

É esperado que a Pasta faça os acertos necessários e oferte as vagas nas unidades dos Senais.

Marques destacou a importância do convênio para o setor de ferramentaria da região. Segundo ele, esse ramo é visto com muito valor em todo o Brasil, principalmente por se adequar às demandas das principais montadoras do País localizadas no Grande ABC.

"Atualmente temos, na indústria de ferramentaria da região, 20 mil trabalhadores. O desafio será capacitar pelo menos 30% desse pessoal com o respaldo do convênio com o MDIC", estimou Marques.

TECNOLOGIA - A agência apertou o botão para o sinal verde do Nais/Ferramentaria (Núcleo Avançado de Inovação Setorial em Ferramentaria do Grande ABC), que demandará investimento aproximado de R$ 10 milhões. Marques contou que em conversa, pessoalmente, o senador Eduardo Suplicy (PT) se comprometeu a enviar um requerimento de emenda para que o MDIC libere 30% do valor. "Esse será o pontapé para estruturar o birô de engenharia", disse.

O Nais/Ferramentaria tem o objetivo de ser um centro de desenvolvimento tecnológico do segmento que prestará serviços às empresas. Para isso contará com um birô de engenharia no Instituto Mauá de Tecnologia e a contribuição de pesquisa da Universidade Federal do ABC. O núcleo faz parte de parceria entre a agência, o APL (Arranjo Produtivo Local) Ferramentaria do Grande ABC e as duas instituições de ensino.

SINDICATO DO FUTURO - Mesmo sob o comando da agência de fomento à economia regional, Marques continua na liderança da maior entidade de defesa dos interesses dos trabalhadores metalúrgicos da região. E mais uma vez confirmou a sua proposta inicial quando tomou posse da presidência do sindicato, em novembro de 2012. Ele pretendia contribuir para o desenvolvimento das empresas da região, que resultaria em melhorias à base trabalhadora.

Em entrevista ao Diário, na época, Marques visualizava sua atuação na frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que na teoria acabará em julho, tendo em vista que substituiu o antigo comandante Sérgio Nobre em meio do mandato.

"Temos que pensar em um todo. Isso porque um empresário enfraquecido é também um trabalhador enfraquecido", disse, em 2012. "Vamos tentar muito forte essa questão no âmbito nacional", completou o sindicalista na época.