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Montadoras reduzem ritmo de produção

Queda de 18% se deu por causa de férias coletivas e demora para regulamentar linha do BNDES

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
07/02/2014 | 07:07
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A indústria automobilística brasileira iniciou o ano com ritmo de produção bem menor do que o do mesmo período de 2013. Foram fabricados 237,5 mil veículos no mês passado, queda de 18,7% ante os 292,2 mil fabricados um ano antes, de acordo com dados divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Colaboram para isso a ampliação das férias coletivas nas montadoras, para ajustar estoques elevados (que, ao longo de 2013, chegaram a superar 40 dias e, agora, estão em 31 dias), e a demora na regulamentação das novas regras da linha PSI-Finame, do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), que ocorreu só no dia 27 e paralisou os financiamentos de veículos pesados (caminhões e ônibus).

Apesar do menor número de veículos saindo das linhas de montagem, as vendas do setor foram as maiores para o mês de janeiro de toda a história do segmento. “Mas tínhamos expectativa de volume um pouco superior. O atraso do PSI prejudicou o mercado de caminhões e ônibus”, pondera o presidente da Anfavea, Luiz Moan.

A linha do Finame, que no ano passado estava com juros de 4% ao ano para o financiamento dos veículos pesados, em 2014 passou para 6%, portanto segue atrativa, próxima do patamar da inflação. Os emplacamentos de caminhões tiveram queda de 25% em janeiro ante dezembro e de 10,9% em relação ao primeiro mês de 2013. Para o vice-presidente da Anfavea, Rogério Rezende, agora com a regulamentação, o segmento deve retomar os negócios.

Considerando também automóveis e comerciais leves (pick-ups e utilitários), Moan acrescenta que, de forma geral, as perspectivas para todo o mercado automobilístico são de crescimento de 1,1% neste ano ante os números de vendas domésticas (no País) em 2012. Ele afirma que a queda da inadimplência e a perspectiva de aumento do volume de financiamento – apesar da seletividade dos bancos na aprovação do crédito –, devem contribuir para essa meta. Esse percentual poderia ser ainda maior, mas, ele pondera que 2014 é marcado por grande número de feriados e pelos jogos da Copa do Mundo, que devem desviar o foco dos consumidores.

COMÉRCIO EXTERIOR
As exportações de veículos também tiveram forte recuo em janeiro. Foram embarcadas ao Exterior 25,7 mil unidades, 40% menos que em dezembro e 28,9% abaixo do total do primeiro mês de 2013. Um dos fatores foram as novas limitações impostas pelo governo argentino à entrada de produtos brasileiros naquele mercado. Isso é um problema. “Três quartos das nossas exportações são para a Argentina”, cita Moan.
Por outro lado, a desvalorização do real ajuda a dar mais competitividade à indústria nacional, observa o dirigente. O dólar, que estava em R$ 2 no início do ano passado, agora está em R$ 2,45. No entanto, o presidente da Anfavea ressalta que a volatilidade (ou seja, as oscilações do câmbio) torna mais difícil programar as vendas ao Exterior.

Carros populares têm menor fatia de vendas desde 1994

Os carros zero-quilômetro com motor 1.0 reduziram de forma expressiva, em janeiro, a participação nas vendas totais de automóveis no mercado interno. Do volume comercializado no primeiro mês de 2013, apenas 37,8% foram veículos populares, ante 61,4% dos que têm mais de 1.0 até 2.0, e os que possuem mais de 2.0 representaram 0,8% de fatia.

Segundo os números da Anfavea, esse percentual dos automóveis mil só fica atrás dos níveis de 20 anos, poucos anos depois do início da produção de veículos com essa motorização no Brasil (em 1990).

Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan, trata-se da demanda do consumidor. “O mercado tem mostrado que gosta de conforto, de torque. Tem o efeito também do aumento da renda, que faz com que se procurem veículos com mais cilindradas. As empresas vão atrás das expectativas dos clientes”, afirma.

EM ALTA - O presidente da Anfavea considera que os números de licenciamento de fevereiro devem superar os do mesmo período de 2013. Isso, entre outros fatores, porque no ano passado o Carnaval caiu no segundo mês do ano.
 




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