Economia Titulo Poder de compra
Famílias de baixa renda têm inflação de 4,70%
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
06/02/2014 | 07:13
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Ricardo Trida/DGABC


A inflação das famílias com renda média mensal de até 2,5 salários-mínimos, ou R$ 1.810, aingiu 4,70% em 12 meses encerrados no fim de janeiro.

Esse aumento médio de preços atingiu, na região, aproximadamente 32 mil famílias, ou seja, 4,1% dos 795 mil domicílios espalhados pelas sete cidades.

Apesar de esse grupo ter visto o dinheiro perder valor, a sensação de perda foi em menor intensidade do que para a média das famílias da região.

Considerando os domicílios com remuneração média entre um (R$ 724) e 33 salários-mínimos (R$ 23.892), a perda de poder de compra nos 12 meses foi de 5,61%.

As informações sobre a variação média dos preços das despesas das famílias constam no IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1). O Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) é o responsável por esse indicador, como também pelo que abrange todas as famílias, o IPC-Br (Brasil).

O número de domicílios considera o recorte das classes de consumo D e E, listadas na Pesquisa Socioeconômica do Inpes-USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Muncipal de São Caetano) e relacionados com estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esses grupos têm renda média que, na maioria, se enquadra no IPC-C1.

Na avaliação do superintendente adjunto de Inflação do Ibre-FGV, Salomão Quadros, o grupo de despesas de educação teve a maior contribuição para a diferença de inflação entre os grupos de famílias. Isso porque poucos domicílios de baixa renda direcionam seus recursos para mensalidades escolares.

Para a agente escolar Vilma Maria Pisser, 60 anos, moradora de São Caetano, é fato que a educação não pesa tanto no orçamento e, dessa maneira, ela sofreu um pouco menos com o aumento médio dos preços. Seus dois filhos, uma menina de 13 anos e um garoto de 11, cursam o 6º ano em um colégio público. Isso porque sua renda mensal, que está abaixo dos R$ 1.800, é direcionada para outras prioridades.

"Eu gasto bastante com alimentos. Mantenho a internet porque hoje é necessário. E também estou montando a minha casa. Comprando móveis, e acabei de comprar uma televisão nova, porque a minha estava bem velha", explicou Vilma.

"Por outro lado, nas famílias com maior renda mensal, a educação tem um grande peso no orçamento", destacou Quadros.

Outro ponto apresentado pelo especialista foi a desaceleração da inflação dos alimentos para as famílias menos abastadas. Em 12 meses encerrados no fim de dezembro, essas contas acumulavam encarecimento da ordem de 8,26%. No fim do mês passado, o percentual caiu para 6,49%.

Esse grupo de despesas, por sinal, é o que exerce maior influência nas contas das famílias de menor renda. Isso porque são gastos básicos, necessários, que não podem ser substituídos. Portanto, quando há muita inflação nesses produtos, menos dinheiro sobra para as demais despesas.

GRUPOS

Enquanto a inflação geral para as famílias da baixa renda avançou 4,70% em 12 meses encerrados no fim de janeiro, apenas o grupo de despesas transportes teve deflação, de 0,06%.

Alimentação acumulou alta de 6,49%, habitação, 3,87%, vestuário, 4,58%, saúde e cuidados pessoais, 6,17%, educação, 7,05%, e comunicação, 1,64%. A maior elevação veio das despesas diversas (por exemplo, cigarro, loterias, alimentos para animais domésticos) com 8,43%.

IPC-C1 aponta expansão média de preços em janeiro da ordem de 0,71%

Em janeiro, o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1), do Ibre-FGV, acumulou alta de 0,71%. Houve aceleração frente ao resultado de dezembro, de 0,56%.

Isso se deveu ao grupo de despesas educação, leitura e recreação, que saltou de inflação de 0,45% para 2,99%, impulsionado pela volta às aulas, e às despesas diversas, que passaram de 0,48% para 3,80%.

Alimentação subiu de 0,71% para 0,80%, habitação de 0,54% para 0,56% e comunicação, de -0,02% para 0,13%. Vestuário caiu de 0,52% para -0,28%, saúde e cuidados pessoais, de 0,37% para 0,24%, e transportes, de 0,67% para 0,30%. 




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