Política Titulo PSDB de Sto.André
Torres muda cadastro do PSDB de Santo André para endereço dos pais

Presidente adota medida apesar de a sigla ter sede há 15 anos; correligionários criticam postura

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
09/01/2014 | 07:16
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Nario Barbosa/DGABC


O presidente do diretório do PSDB de Santo André, Ricardo Torres, mudou o cadastro do tucanato local para o endereço e telefone da casa de seus pais, no bairro Paraíso. O dirigente ignorou o fato de o partido possuir sede há 15 anos no mesmo local, com funcionário que dá expediente diário. Os dados alterados constam no registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A medida irritou integrantes da executiva. Parte da cúpula sequer foi comunicada sobre a mudança.

O PSDB andreense contém comodato de imóvel na Rua Antônio Bastos, 210, Centro. O vice-presidente Mongomery Salmenton sustentou que a atitude de Torres é “aberração” e comprova a “arrogância e abuso do cargo”. Segundo ele, uma secretária trabalha todos os dias na sede do diretório, o que inviabiliza o procedimento. “Temos sede, telefone fixo, fax, funcionária. Não precisaria alterar. Isso sugere que ele (Torres) está obstruindo informações.”

Mongomery avaliou que esse posicionamento reflete a inércia do PSDB na cidade, hoje até sem representação na Câmara. “Atitudes como essa nos levaram ao fracasso. Já provocaram a debandada de 180 militantes. O partido está desmontado”, disse, complementando que articula “ação administrativa e, caso necessário, até judicial”. “Todo mundo fica submisso (na executiva) porque possui cargo comissionado na Secretaria (de Estado) de Meio Ambiente, comandada por Bruno Covas (PSDB).”

Secretário-geral do tucanato no Estado, o titular da Pasta é quem dá o respaldo político para Torres em Santo André. O Diário mostrou que o andreense vive no Itaim Bibi, em São Paulo, entretanto, utiliza politicamente o endereço da residência dos parentes, onde morou até seu casamento em 2011. Ele trabalha na Capital, no posto em comissão de assessor especial da secretaria do governo estadual. “Ele é o operador do Bruno, não vive a cidade”, completou o vice.

O ex-vereador Marcelo Chehade, candidato do PSDB mais votado no município com 3.886 votos em 2012, afirmou que o tucanato local hoje vive em “feudalismo”. “Parece que estamos na década de 1940, 1950, diante de coronéis como o (ex-senador) Antônio Carlos Magalhães (morto em 2007). É o Toninho Malvadeza de Santo André”, frisou, citando que Torres se apoderou do PSDB e loteou o diretório com sua família. “Espero que a estadual tome providências sérias e faça intervenção.”

Procurado, Torres não retornou os pedidos de resposta da equipe do Diário. Contatado, inclusive, em período noturno no telefone fixo mencionado junto à Justiça Eleitoral, ele não foi localizado para comentar o assunto. Mandatário do diretório paulista, Duarte Nogueira também não foi encontrado.

Integrante do diretório estadual, Evandro Losacco considerou não haver erro na medida ao alegar que “quase todos os diretórios do PSDB” mantêm o endereço no TSE na residência do presidente ou do secretário. “Justamente para poder receber correspondências a tempo de tomar providências, que geralmente têm prazos”, justificou, em rede social.
 




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