Os supersticiosos dizem que o que se faz no começo do ano influencia todo o resto. Os economistas, por sua vez, afirmam que a lei da oferta e da procura é implacável. Bastou passar o frenesi de consumo do período natalino para os preços baixarem. Mas, o que o consumidor da região diz é que o melhor negócio é se controlar em dezembro e esperar virar o ano para comprar. E os descontos não desapontam, chegando a 50%.

Foi o que fez a enfermeira Tacla Azevedo, 48 anos, de São Bernardo, que passou dois meses namorando a sua geladeira duplex e, ontem, primeiro dia útil do ano, resolveu fechar negócio. “Não foi por acaso. Eu estava esperando passar a loucura de fim de ano para conseguir preço melhor. E consegui. Economizei R$ 500”, diz Tacla, que viu o preço do eletrodoméstico derreter de R$ 1.400 para R$ 900. “As mulheres estão mais espertas. Não tem mais essa de comprar por impulso. A gente tem de ter sangue frio e calcular tudo direitinho. Só estou comprando parcelado porque não tem juros e estou segura de que o preço está bom.”

Autocontrole também foi o lema do casal são-bernardense Luciana, 30, e Florisvaldo Santana, 44, que foi na Casas Bahia para comprar uma máquina de lavar. “Nem viajamos no Réveillon para não gastar a verba”, revela Santana, que é autônomo e estava preparado para comprar à vista, especialmente porque, de acordo com suas pesquisas, estava economizando R$ 500 graças à oferta do saldão. “Não dava para esquecer a necessidade de uma lavadora nova. Cada vez que ligo a minha o barulho é tamanho que parece que tem o metrô dentro de casa. Mas, preferimos segurar até virar o ano para comprar”, diz Luciana, que é auxiliar administrativa.

SOM E IMAGEM - O casal Lucimar, 30, e Roberto de Oliveira, 34, também saiu de casa para comprar uma máquina de lavar. Mas, quando viu a oferta de uma SmartTV Philco de 39’, mudou de ideia. O modelo chegou ao Walmart por R$ 1.698, depois baixou para R$ 1.498 e, ontem, estava sendo vendido por R$ 1.198. “Foi um bom negócio. Amanhã (hoje) vamos atrás da máquina de lavar”, diz Oliveira, que é segurança e não se anima a comprar pela internet, mesmo tenha boa oferta. “Melhor vir na loja física. Nem que seja para mudar os planos diante de uma oportunidade melhor.”

O desejo de comprar uma smart TV já estava fazendo aniversário, mas foi só por causa do bom desconto que o pintor de paredes Nilson dos Santos, 41 anos, se animou. “Minha mulher veio hoje (ontem) cedo fazer compras, viu que o preço tinha diminuído R$ 300, e me avisou”, diz o cliente do Walmart de São Bernardo. “Não vejo a hora de curtir.”

O diretor industrial Rubens Borba Júnior, também de São Bernardo, se encantou pelo mesmo modelo de TV e tratou de pôr no carrinho. “Aproveitei os dias de folga e vim atrás de um ar-condicionado para mim. Mas achei a oferta vantajosa e estou levando a TV para o quarto da minha filha”, revela. “Estou dividindo no cartão sem juros. Afinal, se tem juros, deixa de ser oferta, não é mesmo?”, observa.

De acordo com o codiretor do Walmart em São Bernardo, Marco Aurélio Camilo, a atitude do consumidor mudou muito. “As pessoas estão cada vez mais conscientes. Pesquisam preços e só compram à vista ou parcelado sem juros. Nos cartazes a gente coloca o preço que ficaria se parcelassem em muitas vezes, mas é raro alguém optar por comprar eletrônico ou eletrodoméstico em 24 meses. As pessoas só encaram juros para comprar carro ou imóvel”, analisa. “Outra mudança muito palpável é a questão do período de comprar. Quem quer realizar o seu próprio sonho de consumo espera passar a época dos presentes e vem no começo do ano.”

ATÉ DOMINGO - Além das varejistas citadas, Carrefour, Ponto Frio e FNAC fazem suas liquidações também. Outros grandes magazines reservaram o maior volume de ofertas de saldos para o mundo virtual, como Extra, Fast Shop e Magazine Luiza.

A maior parte das ofertas é válida até domingo, dia 5.


Itens típicos das ceias de fim de ano já entraram em oferta

Quem é fã de panetone, aproveitou para encher o carrinho. O item mais típico do Natal está em promoção. Em média, os descontos são de 50%, mas podem até ser maiores que isso. “Lá em casa eu e meu filho adoramos. A validade vai até 31 de março e, como o preço caiu bastante, resolvi aproveitar”, diz o aposentado são-bernardense José Mano, 55 anos. “Mas não sou de me impressionar com ofertas. Só compro o que preciso e nunca vou além das possibilidades do meu bolso”, assegura.

A questão da necessidade – ou da falta dela – é que provavelmente fez alguns produtos encalharem de vez. O peru Sadia, um símbolo do Natal, teve o preço do quilo encolhido de R$ 14,98 para R$ 9,68 no Walmart. Mesmo assim, aves grandes, de mais de 7 kg, ficaram nos freezers.