Política Titulo Entrevista
Estado vai custear metade
do Hospital São Caetano

Geraldo Alckmin visitou na última quinta a sede do
Diário e destacou investimentos para o Grande ABC

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
27/12/2013 | 07:39
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Ricardo Trida/DGABC


O governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), garantiu ontem que o Palácio dos Bandeirantes vai arcar com metade do custeio do antigo Hospital São Caetano, no Centro, que será reaberto por completo – uma parte do equipamento entrou em funcionamento na gestão José Auricchio Júnior (PTB, 2005-2012) – como unidade de retaguarda para atender ao Grande ABC. Sem estipular valores, o tucano sinalizou que fechou entendimento com o governo federal e Prefeitura, seguindo o mesmo modelo adotado no Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, em Mauá. “Nós vamos entrar com os recursos necessários para custear o funcionamento.Está em estudo”, frisou. O anúncio encerra série de investimentos feitos pelo Estado na Saúde do Grande ABC, pacote que inclui ainda verba de custeio ao Nardini e ao Hospital de Clínicas de São Bernardo, além de instalação de Rede Lucy Montoro em Santo André e Diadema. Ele visitou a sede do Diário e, durante duas horas, concedeu entrevista exclusiva para fazer balanço do ano e anunciar investimentos e projetos na região. Entre eles, o Estado trará na segunda quinzena de janeiro para Diadema o programa Mulheres de Peito, recém-lançado pelo tucano. O projeto foi iniciado ontem na Capital, no qual a carreta tem capacidade para 50 atendimentos ao dia. Segundo Alckmin, o governo paulista abre

hoje pregão para contratar emergencialmente empresa que fará a limpeza dos piscinões – são 25 unidades nos sete municípios. Ele também participou do programa Opinião, que entra no ar hoje a partir das 9h, no DGABCTV.

DIÁRIO - Além do balanço, há informação que o sr. veio para o Grande ABC para anunciar investimentos, principalmente na área da Saúde. O que está definido para a região?

GERALDO ALCKMIN - Será investimento no Hospital de São Caetano. Fizemos um entendimento entre governo federal, Estado e Prefeitura de São Caetano para ser importante retaguarda no município e região.

DIÁRIO - Quanto dinheiro será aplicado pelo Palácio dos Bandeirantes?

ALCKMIN - Nós vamos entrar com os recursos necessários para custear o funcionamento. Ainda não temos o valor (fechado). Está em estudo. O montante vai depender do atendimento (na unidade). Vamos participar com a metade do custeio, que é o caro na Saúde. Pois prédio gasta-se uma vez só. Não é como numa estrada, quando a ordem é inversa.

DIÁRIO - O modelo a ser adotado em São Caetano então seguirá o mesmo do Hospital Nardini, dividindo o custeio (são R$ 18 milhões do Estado)?

ALCKMIN - Isso mesmo. Fica sob a responsabilidade do município, mas o Estado ajuda junto com o governo federal. O que também temos feito é contribuir com hospitais filantrópicos e beneficentes. Estamos complementando a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde), que está defasada, sem correção, e no Brasil tem inflação alta, com média de 6% ao ano. No ano que vem, nós vamos investir R$ 535 milhões nas Santas Casas e hospitais beneficentes. Só para custeio. O problema não é prédio. Tem muito leito ocioso. O hospital não põe para o SUS porque não aguenta o prejuízo. (São Paulo) É o único Estado do Brasil que fará esse complemento. Já estão incluídos os da região.

DIÁRIO - Como vai funcionar o programa recém-inaugurado Mulheres de Peito? A região está inserida dentro dessa etapa inicial do projeto para receber a carreta?

ALCKMIN - Em São Paulo, a primeira causa de morte doenças do coração e grandes vasos. A segunda é câncer. A terceira é a chamada causa externa. A neoplasia (câncer) cresce porque há envelhecimento da população. Expectativa de vida média é mais alta, por isso maior incidência. Nas mulheres, o primeiro tumor é mama, que é curável desde que diagnosticada precocemente e tratada corretamente. Além de todos os mamógrafos, os serviços no Estado, com ambulatório e hospitais, fizemos a primeira carreta (serão cinco) inteiramente voltada ao câncer de mama. Mulheres acima de 50 anos podem fazer exame. Inclusive, não precisa de pedido médico. Começamos hoje (ontem) funcionando em Santo Amaro (em São Paulo). A paciente faz mamografia. Em dois dias, ela pega no mesmo local o resultado. Se não tiver alteração, ótimo. Só repetir periodicamente. Se houver imagem suspeita, na mesma carreta tem a ultrassonagrafia. Caso haja necessidade, já faz lá mesmo a punção e a biopsia. Vai para o risco patológico. Colhe e manda para exame. Se for resultado positivo, já é encaminhada para tratamento: cirurgia, quimio ou radioterapia. Com esse trabalho, acreditamos que podemos reduzir fortemente a mortalidade do câncer de mama, aquele mais importante do ponto de vista epidemiológico. A outra carreta será na segunda quinzena de janeiro e virá primeiro em Diadema. Fica 30 dias em cada cidade. São 50 atendimentos/dia, das 8h às 20h, inclusive aos sábados. Daremos boa cobertura.

DIÁRIO - As mulheres que possuem idade abaixo dos 50 anos poderão usar o equipamento?

ALCKMIN - Abaixo de 50 anos pode fazer, mas precisa de indicação média. O protocolo é acima de 50. não necessita sentir nada. É rastreamento. Agora, se tem algum sintoma, pode fazer com 30, 40 anos. Ou com antecedente familiar. Independentemente da indicação médica, todo mundo acima de 50 anos pode fazer, sem pedido médico, e já é atendido, passa pelo médico, faz exame e dois dias depois tem o resultado. A equipe da carreta é composta por médico, radiologista, técnico em enfermagem, patologistas, equipe completa. A carreta é grande.

DIÁRIO - E na Educação, qual o balanço que o sr. faz deste ano no setor?

ALCKMIN - Estamos indo desde a creche até o ensino superior. Lançamos o programa Creche Escola, investindo R$ 1 bilhão, apoiando crianças de zero a 5 anos. Pela primeira vez o Estado vai entrar com um projeto com essas características. Porque hoje as mulheres trabalham, têm outras tarefas. Criança pequena precisa de cuidados. Depois, no ensino fundamental estamos caminhando com escola de tempo integral. Para o Ensino Médio lançamos o programa Vence, de curso técnico. Consiste no período da manhã o colégio e à tarde ou à noite ele faz na rede privada. A gente credencia as escolas da região. Temos também as Etecs (Escolas Técnicas Estaduais). Investiremos R$ 18 milhões na Lauro Gomes (em São Bernardo). Inclusive lá, está sediado o Via Rápida Emprego, programa de capacitação de um mês, com bolsa de R$ 460 para quem está desempregado. A última cidade da região que não tinha Etec era Rio Grande da Serra. Começa agora no meio do ano (2014) o curso técnico. As sete cidades do Grande ABC contempladas com ensino técnico. Além disso, temos as Fatec (Faculdades de Tecnologia).

DIÁRIO - O Estado também anunciou na semana passada a contratação emergencial para limpeza dos piscinões...

ALCKMIN - Amanhã (hoje) é a abertura do pregão. Se não tiver problema jurídico em duas semanas já estamos limpando as unidades. Nós assumidos, porque desonera as prefeituras. Só no Grande ABC são 25 piscinões.

DIÁRIO - No ano que vem, haverá Copa do Mundo no Brasil, tendo São Paulo como uma das principais sedes. Qual o legado ficará no Estado com o fim desse evento esportivo?

ALCKMIN - Primeira notícia é que são 32 seleções do mundo. Tirando o Brasil, são 31 de fora. Até agora, têm 11 confirmadas em São Paulo: desde Ribeirão Preto, Itu, Santos, Guarujá, Porto Feliz, Águas de Lindoia, Mogi das Cruzes. Quem escolhe é a seleção. Perdemos umas duas, que estavam bem encaminhadas, porque vão jogar no Nordeste, como a Alemanha. Poderemos ter quase a metade das seleções do mundo. Claro que isso movimenta a economia da cidade. O que precisar ter? Aeroporto próximo, rede hoteleira e centro de treinamento. São Paulo está indo bem. A outra informação é que não tem nenhum centavo do governo do Estado na Arena Corinthians, o Itaqueirão. As nossas obras são na região: viaduto sobre a Radial Leste sobre o semáforo. No polo de Itaquera vai ter Etec e Fatec, que vai servir para a Copa e em agosto inicia as aulas. Investimentos nos trens e Metrô. A Fifa exigia 70 mil passageiros/hora. Oferecemos 110 mil. Como estádio tem 60 mil lugares, vamos poder esvaziar o estádio em 40 minutos. Houve incidente na obra, mas acho que inaugura em abril.

DIÁRIO - Recentemente, o ex-governador José Serra (PSDB) desistiu de concorrer a presidente da República. Como o sr. viu a decisão de seu correligionário?

ALCKMIN - Assim como eu, o Serra é fundador do PSDB. Não mudamos de partido. Um dos melhores quadros, uma das pessoas mais preparadas. Foi ministro da Pasta Econômica, Social, Saúde, governador, prefeito da Capital. Sempre dizia: ‘O Serra é homem de convicção partidária’. Ficou no PSDB e afirmou que já pode anunciar imediatamente o candidato. Abriu mão e será candidato. A que ele definirá no ano que vem.

DIÁRIO - Uma alternativa viável será o Serra sair para candidato a deputado federal?

ALCKMIN - Ele está preparado para ser desde presidente, senador, deputado. A decisão é pessoal dele.

DIÁRIO - O sr. declarou apoio ao Aécio Neves (PSDB) à sucessão de Dilma Rousseff (PT)..

ALCKMIN - O Aécio é candidato natural do PSDB. Oficialmente só em junho. Tínhamos dois. À medida que o Serra se dispôs a abrir mão, o Aécio pode preparar bela proposta de reforma que o Brasil precisa para crescer mais, em renda, emprego, salário melhor, competitividade. Começando pela reforma política. O que vimos em julho foi a falência da política. O que o povo disse quando foram às urnas? Não nos sentimos representados. Como pode ter 32 partidos políticos? Isso não existe.




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