Economia Titulo Previdência
Caixa eletrônico é canal de infratores para dar golpes na 3ª idade

Na região, dos 386.383 aposentados e pensionistas,
8% já tiveram problemas com fraude em banco

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
19/12/2013 | 07:17
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Ir ao banco todo mês para sacar o benefício depositado pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é algo comum, mas que pode tirar o sono de muitos aposentados. Fraudes são recorrentes nos caixas eletrônicos. Segundo estimativa do diretor da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antonio Ferreira Rodrigues, 8% das 386.383 pessoas dessa classe na região já sofreram desse mal, o que representa 30,9 mil segurados. “São muitos os aposentados e pensionistas que já tiveram ou têm problemas com roubos ou movimentação indevida da conta-corrente.”

Na maior parte das vezes, os infratores se passam por funcionários das instituições bancárias ou, simplesmente, se mostram disponíveis para ajudar os beneficiários no momento em que realizam transações nos caixas externos.

A aposentada de Mauá Silvia de Almeida Luvizotto, 63 anos, tenta, desde junho, resgatar o dinheiro da conta bancária de sua mãe, a pensionista Anesia Pierri de Almeida, 83. Naquele mês, ela foi sacar o benefício que recebe, como de costume, em uma das agências da Caixa Econômica Federal na cidade. A unidade estava cheia quando uma moça, de terno e bem vestida, lhe ofereceu ajuda para realizar o procedimento no autoatendimento. “Minha mãe é muito lúcida e independente, sabe utilizar o caixa e faz isso sozinha, sempre. Mas, naquele dia, aceitou a ajuda”, explica Silvia.

O procedimento não deu certo em uma das máquinas e a tal moça orientou dona Anesia a repetir o saque em outro terminal, também sem sucesso. Cansada de tentar, a aposentada se dirigiu ao balcão. Ao pedir o valor para saque, a atendente disse que já havia sido retirado R$ 1.000. “Minha mãe foi orientada a fazer um boletim de ocorrência e explicou o que havia acontecido. Preencheu a papelada necessária e ficou no aguardo pelo ressarcimento”, afirma Silvia. Nesse período, dona Anesia recebeu uma carta do banco dizendo que estava inadimplente. Foi informada que a quantia que possuía na poupança (de R$ 1.400) também havia sido sacada e, mais, que haviam feito empréstimo consignado no valor de R$ 6.000 em seu nome. Segundo sua filha, no mesmo momento o cartão, que não tinha chip, foi recolhido pela funcionária da Caixa e a mesma informou que um novo plástico chegaria à sua residência. No entanto, ao desbloquear o cartão na agência, a pensionista teve duas surpresas: o banco havia suspendido a cobrança do financiamento, mas não havia nada na conta. “Provavelmente, o infrator sacou mais uma vez a quantia de R$ 1.400, desta vez em uma agência do banco na Capital”, disse Silvia.

“Diante das ocorrências, a Caixa informou que não há indícios de fraude. E agora? Minha mãe vai ficar no prejuízo, perdeu os R$ 2.400. O problema é que a moça que ofereceu ajuda não deveria ser funcionária, e até hoje pagamos por isso.”

Em resposta ao Diário, a Caixa disse que as salas de autoatendimento têm monitoramento por imagem e, quando é possível identificar que o cliente foi vítima de uma fraude, a orientação é que o cidadão lesado procure um gerente e formalize a reclamação para que possa apurar o caso administrativamente e colaborar com as autoridades policiais, caso necessário. Além disso, a estatal diz que “mantém em todos estes espaços empregados treinados e identificado com crachá e jaleco azul, de fácil identificação, preparados para atender as demandas de clientes.”

O consultor e especialista em Segurança pública José Vicente da Silva Filho acredita que esse tipo de problema acontece com frequência devido à falta de acompanhamento dos responsáveis pelos idosos. “A regra básica para quem tem um idoso em casa é de ir ao banco com ele, que nunca pode estar sozinho. E não é por incapacidade, é por prevenção. Os infratores veem nesse público a fragilidade de reação e acabam aplicando golpes como este.”

Segundo ele, outra dica é evitar ir ao banco em dias de pagamentos. “Nas datas em que as pessoas recebem, como dias 5, 15, 20 e 30, aqueles que agem de má-fé já sabem que têm muitas pessoas para roubar.”
 




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