Política Titulo Controverso
Para Marinho, opositores
sofrem de confusão mental

Prefeito dispara contra categoria que não referendou
mudanças no sistema educacional de São Bernardo

Rogério Santos
Do Diário do Grande ABC
17/12/2013 | 07:16
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Arquivo/DGABC


Durante ato para sancionar o controverso Estatuto do Magistério de São Bernardo na quinta-feira, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), fez o discurso mais ácido e duro sobre os opositores às novas regras na rede pública. Para o petista, educadores que são contrários às alterações “têm confusão mental” ao avaliar o caso.

“Muito me admira que tem professor com essa confusão mental”, disparou o petista. Seu discurso na solenidade foi gravado por participantes e divulgado na internet. O vídeo possui 30 minutos, em que ele tece críticas pesadas aos opositores e é, por diversas vezes, hostilizado pelo público.

Vaiado em boa parte do evento, realizado no Cenforpe (Centro de Formação de Professores), Marinho manteve o tom ríspido com os educadores. “Meus amigos, baixem a bola, sentem e escutem. Se comportem como educadores que de fato vocês devem ser”. Ele ameaça possíveis focos de insatisfação no sistema municipal, dizendo “estar de olho em eventuais irresponsabilidades que possam ocorrer na rede”. “Saibam disso”, emendou, com sinais de intimidação.

Referindo-se aos opositores do projeto como “minoria”, o prefeito discursou que jamais poderiam impor algo à maioria da classe. Apesar da fala do chefe do Executivo, a proposta do governo foi rejeitada em três oportunidades pela categoria: a última em assembleia promovida pelo Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos de São Bernardo) em outubro.
No fim de sua fala, Marinho tenta amenizar a situação após mais de 20 minutos de críticas ininterruptas à categoria. “Se eu ofendi alguém, me desculpem.”

O Estatuto do Magistério foi aprovado na Câmara em 26 de novembro, sob forte esquema de segurança. Na semana anterior, manifestantes invadiram o plenário da Câmara, postergando a votação da propositura. “Não fui eu quem votou (a regra), foi o Parlamento, eu só propus”, esquivou-se Marinho.

A peça foi alvo constante de reclamação dos educadores. O principal questionamento é sobre o fim do concurso público para os cargos de diretor de escola, coordenador pedagógico e supervisor de ensino. Pela nova regra, os profissionais serão contratados por meio de seleção interna e, depois, por avaliação do comando da Secretaria de Educação. Essas alterações abrem brecha para acolhimentos políticos em funções de destaque na Pasta comandada por Cleuza Repulho. Até então, essas vagas eram preenchidas por meio de concurso público.

Segundo Marinho, a mudança vai beneficiar os profissionais que se destacam na rede municipal.

O petista lembrou ter recebido abaixo-assinado, com 2.400 assinaturas, pedindo a revogação da assembleia do Sindserv que rejeitou o Estatuto do Magistério. “Recebi de vocês um pedido para que não acatasse o resultado (negativo ao governo) da assembleia, com pouca gente. Se tem uma coisa que eu entendo é assembleia”. Educadores, porém, relataram que foram pressionados a assinar o documento, que solicitava nova discussão da proposta.

Presidente do Sindserv, Giovani Chagas condenou as declarações de Marinho e garantiu que vai solicitar esclarecimentos à Prefeitura sobre o caso.
 




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