Economia Titulo Macroeconomia
PIB da região recua
pelo 2º ano seguido

Em 2012, a geração de riquezas no Grande ABC
alcançou R$ 78,8 bi, 5,78% a menos que em 2011

Leone Farias e Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
05/12/2013 | 07:07
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Divulgação


A atividade econômica do Grande ABC apresentou resultado negativo por dois anos consecutivos. Em 2011, o PIB (Produto Interno Bruto) das sete cidades caiu 1,3%. Em 2012, o resultado foi ainda pior, e o tombo atingiu 5,78%.

A revelação sobre a variação do PIB é do iABC (Indicador de Comportamento do PIB do Grande ABC), do Observatório Econômico da Universidade Metodista de Ensino. Entre os principais motivos para a retração estão a desaceleração do crescimento do emprego na região, estagnação do crédito, redução real na renda média dos trabalhadores e os resultados deficitários da balança comercial, principalmente se tratando de bens intermediários, como o segmento de autopeças. A análise consta na quarta edição do Boletim EconomiABC, da Universidade Metodista de São Paulo, divulgada ontem.

Esse índice é uma previsão do resultado do PIB oficial por municípios divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com, no mínimo, dois anos de defasagem. Em dezembro, por exemplo, será veiculada a geração de riquezas das sete cidades referente a 2011.

Por isso, não dá para saber exatamente quanto a economia do Grande ABC movimentou no ano passado. É possível, no entanto, tomar como base os últimos dados disponíveis, de 2010, e fazer os cálculos. Três anos atrás, a região gerava em riquezas R$ 84,8 bilhões, segundo o IBGE. Se forem aplicadas sobre esse valor a queda de 1,3% em 2011, e de 5,78% em 2012, chega-se, no fim do ano passado, ao montante de R$ 78,8 bilhões nominais (sem descontar a inflação acumulada nos dois anos).

INDÚSTRIA - Embora o levantamento do iABC não traga o peso dos setores na composição do PIB, outro estudo, da administração municipal de Santo André, divulgado no fim do ano passado, aponta que a indústria se mantém com participação significativa em agregação de valor, respondendo por 49% das riquezas geradas na região. Os outros 51% são divididos entre comércio e serviços, este último com 38% do PIB.

Segundo o coordenador do Observatório Econômico da Metodista, Sandro Maskio, responsável pela pesquisa, a concorrência acirrada com os produtos importados e as dificuldades de rentabilidade das pequenas indústrias, em meio aos custos elevados de tributação e ao câmbio desvantajoso para exportar (à época, o dólar estava na casa dos R$ 2 – hoje, para se ter ideia, está em R$ 2,37), contribuíram para o tombo econômico.

COMPARAÇÃO - Devido à alta concentração de indústrias no Grande ABC, que geram mais valor agregado e, portanto, mais riquezas às cidades, o movimento de alta e baixa da economia regional é mais acentuado em relação aos resultados do Estado de São Paulo e do País. “A indústria pesa muito na economia da região. E seus resultados influenciam demais na atividade econômica como um todo”, destacou Maskio. Prova disso é que em 2010, por exemplo, enquanto o PIB paulista cresceu 7,9% e o nacional, 7,53%, o Grande ABC apresentou expansão da ordem de 11,83%. No ano seguinte, o Estado cresceu 2,2%, o Brasil, 2,73%, e, a região, amargou queda de 1,3%.

Por fim, em 2012, quando São Paulo teve mais uma desaceleração, com crescimento de 1,3%, e o mesmo ocorreu com o País, que registrou alta de 0,87%, o Grande ABC teve recuo de 5,78%. Os dados comparativos são do iABC, da Fundação Seade e do IBGE.

Para o diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, Emanuel Teixeira, as quedas dos PIB, em 2011 e 2012, são coerentes com o que a indústria vem observando nesses anos. “Agora, o desafio é voltar a fortalecer a região, principalmente a atividade industrial”, disse.

EXPECTATIVA - A expectativa de Maskio é de que, em 2013, o desempenho não seja tão ruim quanto em 2012. “Deveremos ter estagnação ou uma variação pequena”, diz. Isso embora os números do terceiro trimestre do País, entre os quais a queda da taxa de investimentos, sejam preocupantes, na sua avaliação.

Anteontem, o IBGE divulgou que a geração de riquezas encolheu 0,5% entre os meses de julho, agosto e setembro – pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009. Os aportes diminuíram 2,2% – a maior queda desde o primeiro trimestre de 2012.
 




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