Conhecer as praias de Morro de São Paulo e identificar as especificidades de cada público é um delicioso exercício antropológico. Ver e ser visto são os esportes preferidos entre os frequentadores da Segunda Praia, a mais movimentada da ilha e ponto de encontro da galera mais jovem. Pequenina, a orla tem diversas pousadas, restaurantes, bares e lojinhas. De dia, as areias são tomadas por mesinhas de plástico, redes de vôlei e guarda-sóis. À noite acontecem aqui os famosos luaus de Morro, com DJs. A praia fica pertinho do centro da Vila, a cinco minutos a pé por um deck de madeira.

Neste mês a Segunda Praia foi palco da terceira edição do Festival de Primavera de Morro de São Paulo, que ocorreu entre os dias 14 e 16. O evento atraiu cerca de 15 mil pessoas. O prefeito de Cairu, Fernando Brito (PMDB), estima que a festa tenha movimentado a economia em R$ 7 milhões.

No fim da passarela de madeira está a Terceira Praia. Esta é uma transição entre o agito da Segunda e a tranquilidade da Quarta. Neste perímetro há pousadas, bares, restaurantes e águas calmas, boas para banho. Logo em frente, a ilhota de Caitá, rodeada por corais, é bom ponto de mergulho livre. É da Terceira Praia que saem os passeios de barco para o Norte e o Sul da Ilha de Tinharé. Para chegar lá, bastam dez minutos de caminhada a partir da Vila.

O turismo nesta região explodiu em meados da década de 1990. Assim como em outros balneários paradisíacos, a propaganda foi feita boca a boca, tornando o destino mais famoso entre os estrangeiros do que entre os próprios brasileiros. Mas um upgrade ocorreu em 2009, quando a Secretaria de Turismo da Bahia investiu R$ 4 milhões em obras de infraestrutura e qualificação profissional para mais de 700 trabalhadores, como garçons, camareiras, recepcionistas e lancheiros. De acordo com o secretário do Turismo, Domingos Leonelli, a Bahia se destaca frente a outros destinos brasileiros por conta da diversidade de opções para passeios e também devido aos aspectos gastronômicos e culturais. “Somos o terceiro principal destino do País em desembarques aéreos. Vamos chegar a um acumulado de 25 milhões de chegadas pelos nossos três aeroportos (Salvador, Porto Seguro e Ilhéus) nos últimos sete anos contra 11 milhões do período 2001-2006, o que revela que a atividade registrou grande crescimento.”

A Prefeitura de Cairu implantou política baseada em conceitos de desenvolvimento, com base na sustentabilidade. A ação rendeu dois prêmios ao município. O primeiro foi o título de Destino Brasileiro com as melhores práticas de Turismo Sustentável, prêmio Destaque Companhia de Viagens 2011, e o título Prefeito Empreendedor, no segmento Desenvolvimento Sustentável, do Prêmio Prefeito Empreendedor Sebrae 2012.
A meta da administração é incluir a marca Morro de São Paulo no mapa turístico. Para tanto, o prefeito Fernando Brito nomeou Bruno Wendling como secretário de Turismo de Cairu. Wendling foi consultor de planejamento, gestão e mercado em Bonito, no Mato Grosso do Sul, e leva para a região o know-how da cidade, que há dez anos carrega o título de melhor destino de ecoturismo do Brasil.

Entre as ações implementadas pelo secretário está a captação de eventos esportivos para as areias de Morro de São Paulo. Neste ano o distrito recebeu pela primeira vez uma competição de polo aquático em piscina montada na Primeira Praia, e houve edição de rugby de areia, além de maratona aquática entre Gamboa e Morro de São Paulo. 

Voucher único regulamenta passeios

 Desde 15 de outubro Cairu passou a regulamentar a venda e operação de passeios turísticos no arquipélago. Agora, somente agências de turismo poderão vender passeios. A medida elimina a comercialização de roteiros por parte de vendedores ambulantes, que frequentemente eram alvo de reclamação por atrasos, trajetos não cumpridos, diferenças exorbitantes nos preços, marinheiros não habilitados e embarcações sem condições de navegação e segurança.

 O secretário de Turismo de Cairu, Bruno Wendling, explica que o turista que já estava habituado a comprar passeio com preços irreais pelas ruas deve agora recorrer às agências de turismo, que praticarão os mesmos preços para cada passeio. 

 O tradicional tour de volta à ilha passa a custar R$ 100 na baixa estação e R$ 130 na alta e nos feriados, enquanto que o passeio para Gamboa passa a custar R$ 50 na baixa estação e R$ 65 na alta. Os valores são baseados em estudo de viabilidade econômica, definido em conjunto por operadores de lanchas, barcos e agências. “Isso vai permitir maiores investimentos em qualidade, oferecendo um melhor serviço ao turista”, explica Wendling.

 Quem descumprir as novas normas terá as atividades suspensas, além de ser multado. Em caso de reincidência, o alvará de funcionamento poderá, inclusive, ser cassado. A Prefeitura deve agora fiscalizar a saídas dos passeios, para os quais será exigida a emissão de um voucher único eletrônico, o Passaporte Tinharé, acessível apenas às agências de turismo.

 O tíquete único já existe em destinos como Bonito (no Mato Grosso do Sul), onde Bruno Wendling atuou como consultor da Coordenação Geral de Regionalização do Ministério do Turismo. ES