Política Titulo R$ 1,9 milhão
Lauro admite ter de devolver recursos da UPA Piraporinha

Chefe do Executivo de Diadema ressalta ter cumprido dever, mas agora depende de chancela da União

Raphael Rocha
25/11/2013 | 07:25
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Maila Barreto/DGABC


O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), não descartou precisar devolver R$ 1,9 milhão liberado pela União para construção da UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas) Piraporinha. Ele ressaltou ter feito toda movimentação possível para garantir o investimento, mas que o trâmite agora depende do governo federal, que deu até setembro para que a estrutura esteja pronta sem necessidade de ressarcimento dos cofres do Tesouro.

No dia 7, Lauro foi para Brasília para, juntamente com os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, assinar transferência de titularidade de posse do terreno onde está localizado o Hospital Municipal, em Piraporinha, que também abrigará a UPA, na parte de trás da área onde funciona o maior complexo hospitalar do município.

“O ministro (Padilha) me assegurou que não (há risco de ter de devolver aporte já depositado para UPA). Mas uma coisa é o falar e outra é ver no papel, ver acontecer. Fizemos toda parte que compete à Prefeitura fazer. Agora não é vontade do prefeito, é vontade burocrática, é burrocática. Está prejudicando a população, está prejudicando todo povo”, declarou o chefe do Executivo.

A obra, orçada em R$ 2,6 milhões, está autorizada pelo Ministério da Saúde desde abril de 2012, ainda no governo de Mário Reali (PT). Desde então, segue longe de sair do papel.
Lauro garantiu que a paralisação se deve à falta de titularidade do terreno por parte da Prefeitura, exigência feita pelo Ministério da Saúde para construção da UPA. O PT, no entanto, afiançou que a área era particular e adquirida pela municipalidade antes da liberação do recurso para o equipamento hospitalar. “Não sei como a Caixa (Econômica Federal) autorizou um negócio desses”, disse o verde.

A administração municipal tem dez meses para colocar de pé a UPA Piraporinha. A obra já está licitada, vencida pela Ematec Engenharia e Sistemas de Manutenção. No entanto, nunca houve sinais de intervenção no terreno.
O espaço na Avenida Encarnação já virou depósito de entulho, denunciado pelo Diário em abril. Depois disso, fecharam a área, mas retiraram a placa indicativa da UPA. Houve até comentários no Conselho de Saúde de Piraporinha atribuídos ao secretário de Saúde, José Augusto da Silva Ramos (PSDB), de que o R$ 1,9 milhão teria de ser devolvido ao governo federal – o que foi negado pelo governo municipal.

RECURSOS E MÉDICOS

Além da titularidade da área onde está o Hospital Municipal e que ainda pode abrigar a UPA, Lauro solicitou formalmente ao Ministério da Saúde aporte de R$ 45 milhões para reformar o complexo hospitalar. Segundo o prefeito, não há obras estruturais no prédio desde 1990, quando foi inaugurado, durante o governo de José Augusto.

A atual administração ainda estima que no início do próximo ano desembarquem na cidade profissionais pedidos ao programa Mais Médicos. Após se ausentar da primeira fase do projeto, Diadema requereu os servidores. A princípio, dois médicos devem ser transferidos para a rede municipal por meio do programa.

Prefeito banca Zé Augusto e critica médicos: ‘Pensam mais no salário’

O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), bancou a permanência do secretário de Saúde do município, José Augusto da Silva Ramos (PSDB), e da diretora do Hospital Municipal, em Piraporinha, Sylvia Maria Moreira. Para justificar a manutenção dos cargos, que recebem críticas de moradores, servidores e até de integrantes do primeiro escalão, Lauro questionou a atuação dos médicos. “Infelizmente quando as pessoas (médicos) fazem juramento à vida pensam mais no salário do que na vida.”

José Augusto e Sylvia são personagens principais do enfrentamento da atual administração da Saúde diademense com médicos da rede, conflito esse que resultou em demissão de mais de 70 profissionais. Muitos servidores contestam a metodologia de trabalho de ambos, acusando autoritarismo.

Para Lauro, porém, seus funcionários de confiança apenas têm cobrado a hora trabalhada dos médicos. “Tem de ter respeito com salário pago pela população. Médico não pode ter privilégio, é funcionário como outro qualquer. Há servidor que quer receber salário integral e trabalhar menos. Se mantiver isso, todos os funcionários se sentirão no direito de ter o mesmo benefício. Não vou fazer isso com dinheiro do povo, dinheiro público”, ressaltou.

Segundo o chefe do Executivo, José Augusto e Sylvia não são “coniventes com famosos esquemas que existiam na Prefeitura”. “Estamos acabando com isso na cidade. Quando médicos sabem disso, correm daqui. Pegamos meio leve no meio do ano, mas apertamos de novo”, discorreu o verde, para justificar novas demissões de profissionais neste mês, “Se as prefeituras não se alinharem (para coibir práticas ilegais), vai faltar médico em todos os lugares.”

No mês passado, a equipe de pediatria do Hospital Municipal divulgou carta na qual critica a atuação de Sylvia Maria Moreira, dizendo que ela alterou horários de profissionais sem consentimento da categoria. Segundo o grupo, a diretora do complexo sugeriu que pediatras atuem na linha de frente do Pronto-Socorro Central, no Quarteirão da Saúde, a despeito de a maioria possuir especialidade e não exercer função de clínico geral.




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