Economia Titulo Conjuntura
Região tem deficit
comercial de US$ 132 mi

Com resultado, Grande ABC caminha para fechar
este ano com primeiro saldo negativo desde 1999

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
19/11/2013 | 07:07
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Orlando Filho/DGABC


A apenas dois meses do fim do ano, o Grande ABC caminha na direção de fechar 2013 com deficit comercial (ou seja, com importações superiores às exportações), pela primeira vez desde 1999, segundo análise do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo.

Por números divulgados pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), a balança comercial do Grande ABC está negativa em US$ 132 milhões. “Isso é ruim para a economia. Exportar é um dos canais que fomentam o processo produtivo”, afirma o coordenador do observatório, o professor Sandro Maskio.

O resultado se deve ao fato de que, de janeiro a outubro, as empresas da região enviaram ao Exterior encomendas que geraram US$ 5,866 bilhões em faturamento, montante 6% maior que o total vendido no mesmo período do ano passado e, ao mesmo tempo, as companhias dos sete municípios fizeram compras de produtos de outros países que somaram US$ 5,999 bilhões neste ano, 21% mais que nos dez meses de 2012. Ao longo deste ano, porém, o cenário já esteve pior. Nos primeiros cinco meses, o deficit alcançou US$ 351 milhões e, depois, começou a diminuir: neste ano até setembro estava em US$ 155 milhões. Apesar dessa tendência, Maskio vê grandes chances de a região encerrar 2013 com deficit.

CÂMBIO - Houve crescimento nas vendas externas de diversos itens da pauta de São Bernardo, que é o principal polo exportador do Grande ABC. Foi o caso dos embarques de chassis de ônibus, que tiveram expansão de 8% neste ano até outubro ante igual período de 2012, com a geração de US$ 479 milhões em receitas. Também tiveram destaque caminhões semirreboques, com incremento de 11%, que somaram US$ 471 milhões.

Representantes das indústrias da região assinalam que houve ligeira melhora na situação, com a ajuda da taxa cambial mais favorável. Isso porque o dólar, que estava na faixa de R$ 2 no início do ano, agora oscila próximo de R$ 2,30, o que ajuda a dar mais rentabilidade aos produtos brasileiros no Exterior – assim, as empresas podem ganhar mais em reais com as encomendas.

No entanto, a melhora da taxa cambial tem impacto limitado, avalia o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) William Pesinato. “Para exportar é bom, mas, para quem estava importando, não é tão significativo. Nosso problema continua sendo com relação à concorrência com a China, por causa da nossa carga tributária”, afirma.

Para o ano que vem, Maskio avalia que há perspectiva de reversão do deficit. Ele cita que, como leva alguns meses para as empresas se ajustarem ao novo patamar do câmbio, o dólar mais favorável poderá surtir mais efeito em 2014.

O coordenador do observatório acrescenta que, se houver mais políticas públicas voltadas a incentivar o desenvolvimento tecnológico das empresas locais, isso pode ajudar a melhorar a competitividade das indústrias do Grande ABC, principalmente na área de autopeças. “O deficit da região é concentrado em bens intermediários (como os componentes automotivos)”, diz.
 




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