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Coleção da Cavalera é inspirada na cultura islâmica
30/10/2013 | 16:40
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A Cavalera, que tem tradição em escolher locais inusitados e interessantes para realizar seus desfiles, fecha nesta quarta-feira o terceiro dia de desfiles com uma apresentação no Anfiteatro do Parque Villa-Lobos. "Ao mesmo tempo em que se está no parque, também não se está. A gente passa o dia todo na tenda, mas não vê exatamente o parque", comento Alberto Hiar, diretor criativo da Cavalera, que para esta coleção se inspirou na cultura islâmica, no universo do punk islam, que tem um de seus maiores ícones o filme "Os Taqwacores", e, claro, as referências culturais de sua família libanesa.

A ideia nasceu, não por acaso, da vontade de Hiar homenagear suas raízes e sua mãe, dona Jamile, que promete estar nesta quarta no desfile. "Minha mãe sempre contava suas histórias. E tem a questão das minhas origens, do árabe que é confundido com o muçulmano, com o terrorista, com o turco... É uma mistura louca", contou o diretor criativo. "Tinha coisa que eu gostava muito. E outras que não. Um dia pensei que tinha que contar esta minha história. E surgiu também a vontade de contar o Islã, que tem uma história muito bonita. Não pelo viés religioso, mas pelo cultural. É uma cultura muito rica, muito bonita, com muita história.

Alberto conta ainda que pensou em como poderia representar as formas lindas das mesquitas, das vestimentas das mulheres e dos homens, e transferir isso para o dia a dia. E neste processo de pesquisa do universo islâmico de cidades como Líbano, Turquia, Indonésia, Londres e Paris surgiu o longa "Os Taqwacores". "Este filme, de certa forma, conta a história da minha vida. Do tradicionalismo árabe, libanês, do conservadorismo, versus o fato de eu querer buscar o novo, de querer de sair da cultura enraizada, muito tradicional, que o libanês tem", conta. "E percebi que não preciso perder minha tradição, deixar minhas origens. E nem deixar de gostar do novo. Eu fui o primeiro da família a gostar de rock n roll, skate, surfe. E sempre fui muito questionado por causa disso."

Romper estas pequenas barreiras é uma luta. "Quem não quer evoluir não quer que a gente evolua, porque eles não conseguem. E em vez de subir, querem puxar a gente para baixo. Minha família sempre achava que eu era diferente. E meu mundo é tudo. Nunca escondi minha história, nem minha origem. Sempre fiz questão de falar que minha mãe é analfabeta. Mas ela tem uma cultura e uma inteligência brilhante, que muitos intelectuais não têm. É uma mulher brilhante. Não tenho vergonha disso. Ela tem outra história. Não posso exigir dela o que ela também não teve."

É exatamente sua história e as raízes da cultura milenar islâmica que Hiar mostra nesta quarta. "Nesta coleção, falo o que eu sinto. Esta é a coleção em que eu finalmente consegui. Foram dois anos de pesquisa. Várias cidades do mundo visitadas, com uma cultura islâmica muito enraizada."

Já o filme surge como inspiração contemporânea de um universo rico, que foi se abrindo conforme Hiar e a equipe Cavalera viajava para diversos países, conhecia os bairros muçulmanos de grandes metrópoles como Londres, Paris. "Em que a cultura é muito forte e a gente mal conhece", diz Hiar, que cita ainda a cultura dos tuaregues como forte referência. "Eles têm uma cultura musical incrível, os homens cobrem o olho... São inspiradores demais", acrescenta ele, que para a trilha sonora do desfile traz a música tradicional de sua cidade, no norte do Líbano.

Uma presença ilustre na plateia deve ser Dona Jamile que, de 86 anos, não vai aos desfiles da Cavalera há três. "Minha mãe gosta de fazer um charme. Mas na última hora ela vai. Ela é vaidosa. Ela gosta. Árabe gosta de festa", brinca o filho.

Acessórios

Sobre a pesquisa de acessórios desta coleção, Hiar revela que ele e sua equipe fizeram uma pesquisa de acessórios minuciosa. "Há muitos anéis, pulseiras antigas, de origem islâmica, que a gente conseguiu trazer para o desfile, que vão dar um ar especial. É tudo original."

Alguns acessórios foram customizados e vão para a linha e para as lojas. Outros são peças únicas. Outros há três ou quatro, que vão para a loja de acessórios.




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