Essa é a média do tempo na Região Metropolitana; excesso de veículos contribui
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As políticas de incentivo à compra de veículos, somadas à melhora da renda da população, nos últimos anos, colaboraram para ampliar a frota de carros em circulação no País. Isso não seria um problema se os investimentos em melhoria do transporte público tivessem acompanhado esse ritmo, mas o fato é que a situação da mobilidade urbana piorou no Brasil, em especial nos grandes centros urbanos, aponta estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado ontem.
A pesquisa mostra que, na Região Metropolitana, na média, leva-se 46 minutos para se chegar ao trabalho, de acordo com os dados mais recentes disponíveis (de 2012). Em 1992, no entanto, eram 38 minutos. Além disso, 23% dos trabalhadores demoram mais de uma hora para fazer esse deslocamento, enquanto há dez anos, eram 19%.
Ao mesmo tempo, a frota cresceu, estimulada pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) – desonerado para carros 1.0 – e facilidades de financiamento – em 2009, os bancos chegaram a financiar veículos em 80 meses e sem entrada.
No Grande ABC, atualmente, 65% das residências têm pelo menos um veículo – praticamente o mesmo patamar de todo o Estado, onde são 64% –, enquanto em 2008 eram 58,9%, segundo números do Inpes (Instituto de Pesquisas) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Dados da Fundação Seade apontam também que o volume de automóveis em circulação nas sete cidades cresceu 23% nesse período (de 842 mil para 1,063 milhão).
Na avaliação do economista do Ipea Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, o aumento dos domicílios com veículos contribuiu para a maior dificuldade de mobilidade urbana. “As obras de infraestrutura não foram capazes de reduzir o tempo de deslocamento”, avalia.
A questão é mais grave, levando em conta que os mais pobres, normalmente, moram mais longe do local de trabalho e têm mais dificuldade de se locomover, de acordo com o Ipea. Os números do Inpes atestam essa avaliação. No Grande ABC, enquanto a classe A tem 100% das residências com veículo; na B são 93,3%, na C, apenas 30,7% e na D e E, ainda menos: 6,7%.
E a melhoria do transporte público é uma necessidade da região, por causa das distâncias percorridas. Na média, 15% da população empregada nos sete municípios trabalha na Capital e 35% deles atuam em outra cidade que não a de sua moradia. O gestor do Inpes, Leandro Prearo, cita que as dificuldades de mobilidade são tão prementes que o trânsito tem a pior avaliação, entre os serviços públicos do Grande ABC, com mais indicações do que Saúde, Educação ou Segurança Pública.
Para Carvalho, as perspectivas são preocupantes, porque a taxa de motorização segue crescendo e faltam políticas de auxílio ao deslocamento da baixa renda. “O vale transporte hoje é focado no trabalhador formal”, diz. Ele avalia que seria interessante a criação de benefício semelhante para cadastrados em programas sociais do governo.
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