Economia Titulo Sobrevivência
Meio salário é a única
renda de 5.660 famílias

Situação ocorre nas sete cidades da região; informações
são do Censo 2010 do IBGE, divulgado nesta semana

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
18/11/2011 | 07:30
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Há dois anos a dona de casa Maria Francisca Bernardes Costa saiu de sua terra natal, a Bahia, após vender a casa e comprar um terreninho em São Bernardo. Aos 57 anos, depois de uma vida dura de boia-fria, ela diz não ter mais forças para trabalhar, e vive com menos de meio salário-mínimo (que hoje é de R$ 545), de um benefício federal. "E meus filhos me ajudam com os alimentos", conta a dona de casa.

A vida dura da dona Maria não é única no Grande ABC. Ela integra grupo de 5.660 famílias, espalhadas pelas sete cidades, cuja renda familiar era, em 2010, de no máximo, R$ 255. Ao considerar o rendimento do domicílio para até um salário-mínimos vigente no ano passado, de R$ 510, o número de famílias é 12 vezes maior. São, pelos menos, 56.473 residências nesta situação.

São Bernardo liderava com 15.373 famílias com renda mensal de até R$ 510, seguida por Santo André, com 13.850 domicílios. E é lá que a diarista Liliane da Silva Januario, 40 anos, paga aluguel simbólico para a sua cunhada para manter o lar dos seus filhos Klauss Henrique Silva, 8 anos, e Sammer Wender Silva Siqueira, 19. Hoje, ela tem renda média pouco superior a um mínimo, com os bicos de diarista, mas no ano passado sobrevivia com R$ 510 pagos pelo emprego em escola pública. "Agora a situação é um pouco melhor. A gente se vira nos 30", brincou.

Honrar todas as dívidas do mês é o primeiro item da lista de Liliane, que anota tudo em um caderninho. "Em seguida faço a compra do mês economizando aqui e ali", disse. Mesmo com o orçamento apertado, revela que dentro do pacote de contas está o financiamento de terreno no interior do Estado de São Paulo. "Minhas irmãs me chamam de louca. Mas se eu não fizer isso, nunca vou conseguir nada", desabafou. Como a maioria dos consumidores, ela possui um cartão de crédito de um mercado, mas só utiliza para compras de alto valor e parceladas. "O restante é tudo à vista", afirma.

As informações do número de famílias fazem parte do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgado nesta semana.

 




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