Economia Titulo Trabalho
Região ganha 7.000 autônomos em junho
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
26/07/2012 | 07:16
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Dos 10 mil postos de trabalho gerados no Grande ABC em junho, 7.000 se referem a autônomos, que na ausência de oportunidades no setor privado lançam mão de trabalho por conta própria e ‘bicos'. Os 3.000 restantes são empregados domésticos, profissionais liberais, empregadores ou donos de negócio familiar.

 

Isso é o que aponta a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) do Seade/Dieese. O estudo considera as entrevistas domiciliares realizadas em 600 casas, com 2.500 pessoas. Pelo fato de a amostra mudar a cada mês, o resultado avalia a média dos últimos três meses. São contabilizados todos tipos de emprego - com e sem registro em carteira e autônomos. Em torno de 20% dos moradores entrevistados trabalham fora da região.

Essas informações justificam as diferenças de metodologia utilizadas pela PED e pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que apontou nesta semana que a região fechou 1.883 postos em junho, porém, só foram contabilizadas as vagas formais e de quem trabalha no Grande ABC.

No mês passado, 21 mil pessoas foram demitidas da iniciativa privada, sendo 15 mil com carteira assinada e 6.000 sem. Diante do cenário, a opção foi trabalhar por conta própria. "Essa é uma estratégia de sobrevivência típica de momentos de incertezas e insegurança, como agora. Quando as pessoas perdem o emprego, têm de se virar de algum jeito", explicou o gerente de pesquisas do Seade, Alexandre Loloian, ontem, durante a divulgação da PED no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Junho foi marcado também pelo intenso crescimento da PEA (População Economicamente Ativa): 14 mil entraram no mercado de trabalho em busca de ocupação. Dessas, 10 mil conseguiram emprego e, 4.000, seguem desempregadas - o que elevou a taxa de 11% para 11,2%. "Há muito não se via esse movimento. Desde o início do ano a PEA vinha estável. Pelo visto as pessoas agora estão estimuladas para trabalhar", avaliou Loloain, ou, elas simplesmente desistiram de esperar melhora da economia para procurar uma ocupação.

O setor que mais contratou na região no mês passado foi serviços, respondendo por metade das 10 mil oportunidades criadas. Encaixam-se no segmento atividades da construção civil, administração pública, serviços domésticos e às empresas.

A indústria respondeu pelo emprego de 4.000 pessoas.Embora o segmento de autopeças esteja fortemente abalado pela crise desencadeada há mais de um ano pela enxurrada de importados, houve quem encontrou oportunidade. E ela não esteve no ramo metal-mecânico, que demitiu 1.000 em junho. Empresas provedoras de inovação tecnológica escapam da turbulência por trabalharem com contratos de longo prazo. As relacionadas às áreas médica e alimentícia também têm demanda constante.

Na avaliação de Loloian o cenário para o segundo semestre ainda não está muito claro, porém, ele enxerga sinais de recuperação. "Os juros seguem baixos e a inflação não causa medo. Ambos são fatores primordiais para expandir a produção. É um bom cenário para os investimentos começarem a fluir", disse. "No ano passado, até agosto, a situação do emprego estava muito ruim, mas de setembro a novembro, as contratações deslancharam, recuperando o saldo negativo do ano." É esperar para ver.

 

Salário oferecido aos contratados é cada vez menor

 

O rendimento médio dos trabalhadores assalariados do Grande ABC em maio foi 0,9% menor do que o recebido em abril, baixando de R$ 1.828 para R$ 1.811. A média da jornada de trabalho diminuiu de 42 para 41 horas semanais.

Na indústria, a queda nos valores pagos foi ainda maior: 3,7%, recuando de R$ 2.280 para R$ 2.195. Em contrapartida, as horas trabalhadas se mantiveram em 42 horas por semana. Somente quem trabalha em empresas prestadoras de serviço conquistou aumento, de 0,8%, e a média salarial subiu de R$ 1.520 para R$ 1.532. O total de horas trabalhadas se manteve em 40 horas semanais.

Nos casos em que a jornada de trabalho foi mantida, mas o rendimento diminuiu, existe a hipótese de contratação de mão de obra mais barata. Os ganhos dos autônomos não foram contabilizados.

Quanto às massas de rendimentos (salário médio multiplicado pelo total de trabalhadores) na região, também houve redução de 1,8%. O resultado foi puxado principalmente pela queda na renda.

 

 




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