Economia Titulo Três vezes em 20 anos
Oferta de mão de obra qualificada cresce mais de três vezes em 20 anos

Estudo do Ipea contraria ideia de que há escassez de profissionais capacitados no País

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
08/10/2013 | 07:07
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A oferta de profissionais mais capacitados no mercado de trabalho com mais de 15 anos de estudos (ou seja, com pelo menos o Nível Superior completo), mais do que triplicou nos últimos 20 anos, enquanto se reduziu o contingente dos trabalhadores com Ensino Fundamental incompleto ou menos, aponta estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao governo federal.

A pesquisa contraria visão do setor empresarial de que há escassez de mão de obra qualificada, e mostra que o gargalo da falta de pessoal é maior entre os que têm baixa capacitação. Esses últimos também são os mais demandados pelas empresas. Isso é demonstrado, segundo o Ipea, porque, entre os que têm de zero a três anos de escolaridade, o rendimento médio real cresceu 71% entre 1992 e 2012, enquanto, nesse período, houve redução de 4,84% na renda dos mais capacitados (com mais de 11 anos de escola). Ou seja, o prêmio por ficar mais tempo nos bancos escolares ficou menor, segundo o coordenador de estudos e pesquisas da área de trabalho e renda do instituto, Gabriel Ulyssea.

Porém, isso não significa que não exista espaço para ampliar a qualificação, avalia Ulyssea. Ele cita outro estudo, do centro de pesquisas <CF51>Conference Board</CF>, que mostra que a produtividade do trabalhador brasileiro é menor do que a de outros países, ao representar só 18,4% do desempenho médio do norte-americano.

Para o diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Donizete Duarte da Silva, isso mostra que o problema é de formação. “Se fosse verdade (que não faltam profissionais bem qualificados), as indústrias estariam no patamar de competitividade com o restante do mundo. Hoje, 40% dos economicamente ativos são analfabetos funcionais. Não há o que comemorar”, afirma.

PLENO EMPREGO

Os números do estudo também não corroboram a ideia de que o Brasil vive em pleno emprego. Segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea, a ampliação do mercado de trabalho vem perdendo força nos últimos anos em razão de um aumento de escolaridade.
Nos últimos dez anos, conforme o pesquisador, categorias como construção civil, agricultura, serviços e empregados domésticos vêm diminuindo o número de novas vagas.
 




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