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Na corrida pelos sonhos, quarentões voltam às salas de aula
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
07/10/2013 | 07:12
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Dar aulas. Esse é o sonho da cearense Tereza Campelo, de 43 anos, que está prestes a se tornar realidade. Vivendo há 21 anos em Diadema, a estudante veio para a região quando tinha 22 anos. Quando chegou, mesmo tendo concluído o Ensino Médio e feito Magistério, não conseguiu emprego na área, já que não tinha graduação. Para ajudar a família e se manter, teve que trabalhar por anos no comércio. “Passei pela administração, pelo departamento pessoal, financeiro, mas o sonho de ser professora nunca se apagou”, conta.

Ao longo dos anos, Tereza se casou, teve dois filhos (atualmente, o menino está com 13 anos e a menina com 9), comprou a casa própria. E hoje, está cursando a faculdade de Pedagogia. “Me formo no fim do ano que vem. Não vejo a hora.”

Para conseguir arcar com a mensalidade, ela faz dois estágios, um pela manhã e outro à tarde, já que à noite vai para a faculdade. Além disso, seu marido está sem emprego fixo, e ganha a vida fazendo serviços como pintor e reparos gerais. “Faço um esforço danado. A rotina é cansativa. Ainda sou mulher, mãe e dona de casa, mas não vou desistir.”

Assim que se formar e adquirir experiência, a ideia da nova professora é juntar verba e voltar para o Ceará. “Quero abrir uma escolinha lá. É uma das regiões do País que mais precisam de qualidade no ensino. Vou fazer minha história como educadora lá.”

Os motivos que levaram Tereza a adiar o sonho de fazer faculdade mais cedo são os mesmos de muitos brasileiros: melhor condição financeira, família estruturada, mais vagas nas faculdades e universidades, cursos mais baratos. “Muitas vezes, pela condição da vida, o desejo de se formar é adiado. Mas aqueles que querem, de fato, voltam para as salas”, conta Eduardo Sakemi, superintendente Executivo do Ciee (Centro de Integração Empresa Escola).

No banco de dados do Centro há 5.910 alunos com esse perfil estagiando em organizações públicas e privadas em todo o País. Desse montante, 204 são do Grande ABC.

Os cursos mais procurados pelos quarentões são Pedagogia, Direito, Serviço Social, Administração e Educação Física. “Essas pessoas conseguem retornar à escola e, graças à bolsa-auxílio ou a programas de financiamento estudantis, podem custear os estudos”, acredita Eduardo de Oliveira, superintendente de Operações do Ciee.

Se de um lado há quem esteja procurando oportunidades em uma nova carreira, de outro há quem só agora tenha conseguido dar continuidade aos estudos e tenta se inserir no mercado. “O estágio é uma das melhores portas de entrada para o mundo do trabalho, prova disso é o alto índice de efetivação, que é de 64%”, explica Oliveira.

CURIOSIDADE

Uma recente enquete da entidade, respondida por quase 13 mil estudantes, indica que um quarto dos alunos de escolas particulares custeia os estudos graças à bolsa-auxílio recebida pelo estágio. 




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