D+ Titulo Para pensar!
Muito mais do que
uma questão de pele

Por achar que não dá para ignorar a intolerância, o D+
levanta a questão: falar sobre o tema é ter preconceito?

Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
20/11/2011 | 07:00
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Antes de ler esta matéria, observe. Repare como as pessoas são diferentes, seja pela cor, religião, personalidade, opção sexual e estilo. Agora pense: mesmo sendo muito bom conviver com tanta diversidade, já teve ou sofreu ação preconceituosa? O D+ acha que falar sobre preconceito - que segundo o dicionário Houaiss é qualquer ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem conhecimento ou razão - é relevante. Afinal, infelizmente, é questão do cotidiano de muita gente.

O bullying, incansavelmente comentado todos os dias, é tipo de preconceito que bomba nas escolas e redes sociais. Quem nunca foi zoado pela turma? O estudante de São Bernardo Lucas Sanchez, 16 anos, lembra que foi alvo por causa do sotaque. "Morei um ano em São João da Boa Vista (interior de São Paulo) e voltei falando arrastado. Me chamavam de caipira e me incomodava."

Guilherme Pimenta, 16, convive com brincadeiras 24 horas por dia. "Me chamam de preto, negro e a culpa sempre sobra para mim", conta o estudante, que revela como lida com isso. "Também brinco com o preconceito, é uma forma de me defender, mas não gosto."

Para a colega Caroline Loscher, 17, o preconceito é racial. "Tem um garoto que diz ter nojo de pessoas morenas e negras.Quando falo, ele vira o rosto. Chega a afastar a cadeira. Acho que é implicância comigo." Para ela, a cor da pele não pode ser motivo para falar mal. "Não é legal ter alguém interferindo na minha vida."

Diogo Lemes, 20, de São Bernardo, acredita que muitos simplesmente não acham que estão sendo preconceituosos. "Só fui discriminado uma vez. Estava fazendo bagunça com outros colegas em sala, quando a professora me chamou de neguinho", lembra o jogador de futebol, que afirma que 70% das piadas que ouve são sobre negros. Já com o irmão, Daniel, 15, nunca aconteceu nada. "Mas tive amigo que foi xingado de macaco."

Caio Caires, 16, foi chamado de gordinho e branquela, mas acredita que sua geração é mais tolerante. "As pessoas estão aceitando as diferenças. Antes o preconceito não era tão discutido como agora."

Mas por que ainda existe? "Muitos valores não acompanham a transformação do mundo. Os do passado (como os que faziam parte da época da escravidão) servem para banalizar a sociedade atual", afirma Rogério Batistini, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Ele reforça que após a Lei Áurea (que libertou os escravos em 1888), o negro não conseguiu terra e este foi o começo do problema social.




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