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Precisa de um dia para falar sobre isso?
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
20/11/2011 | 07:00
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Da mesma forma que se discute falar ou não sobre o preconceito, há várias opiniões sobre o Dia da Consciência Negra. Os entrevistados do D+ acham que é preciso ter um dia para discutir o assunto. "É importante para que vejam como os negros influenciam a sociedade e para que busquem seus direitos", diz Diogo Lemes, 20 anos. Para os alunos do colégio Visconde de Itaboraí, de São Bernardo, mais do que falar do preconceito racial, deveria ter uma data sobre a conscientização humana, para que a sociedade entenda que todos são iguais e merecem respeito.

Especialistas concordam que a data é simbólica. "É para a sociedade enxergar que os negros são parcela significativa do País e que representam mais da metade da população", explica Eloi de Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares. "É preciso que todos entendam e reconheçam a importância da presença africana na construção do País, ao mesmo tempo em que denuncia a falta de acesso a Educação, Saúde e trabalho, além do racismo", diz Rosangela Malachias, da coordenadoria de Igualdade Racial da Prefeitura de Mauá.

O Dia da Consciência Negra foi criado para homenagear Zumbi dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1965. Ele foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares. Lá viviam escravos que fugiam em busca da liberdade. Zumbi é considerado um dos símbolos de resistência do País. Desde então, a luta por direitos iguais é constante. Nos últimos anos, as principais conquistas foram a inclusão sobre a história da África na grade curricular, em 2003, e a criação do Estatuto de Igualdade Racial, em 2010, que defende a igualdade, os direitos e o combate à discriminação.

 

Ainda existem quilombos no Brasil - Segundo a Fundação Cultural Palmares, existem 4.000 comunidades quilombolas no País. Só em São Paulo ficam 44. Uma das mais antigas é Caçandoca, em Ubatuba. As casas são de pau-a-pique e há três anos chegou luz. O ex-morador e presidente de honra da comunidade Antonio dos Santos, 64 anos, nasceu lá e acompanhou tudo de perto. "A comunidade perdeu autonomia. Existe preconceito e ninguém quer ver o avanço dos negros." Lá não se pode mais plantar e cultivar o que quiser. "As famílias trabalham em casas de turistas na temporada. Quando termina, o jeito é vender artesanato, viver da pesca ou aposentadoria. Estamos abandonados."

Atualmente 43 famílias vivem em Caçandoca. Para estudar, é preciso caminhar duas horas. Não existe computador e só tem algumas televisões. O telefone é comunitário. Eloísa dos Santos, 26, é diretora de esportes e quer mudar isso. "É trabalho de resgate. Muitos acabaram indo para as drogas."




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