O vice-prefeito de Mauá e secretário de Habitação, Helcio Silva (PT), pretende recusar a vaga de deputado federal para se manter na Prefeitura. Com o pedido de aposentadoria de José Genoino (PT-SP), o mauaense é o primeiro suplente da bancada petista em Brasília.

Porém, o que para muitos é sonho e oportunidade de crescimento político, para Helcio pode se transformar em problema. Para tomar posse na Câmara dos Deputados, ele precisará renunciar ao cargo de vice-prefeito, ideia que não o agrada, apesar de em suas declarações públicas dizer o contrário.
Nos bastidores do Paço, comenta-se que Helcio está com o bloco pronto para colocar na rua no ano que vem, mas teme sentar na cadeira que era de Genoino e não conseguir se reeleger. A derrota culminaria em dois anos fora da vida política, pois ele não teria mais o cargo em Mauá.

Os números justificam o medo do petista. Em 2010, ele obteve 64.938 votos, ficando como quinto suplente da bancada do PT em São Paulo. Para chegar ao patamar de primeiro suplente, contou com alguns fatores, como com a ida de Aldo Rebelo (PCdoB) para o Ministério do Esporte, em 2011, e com a eleição de Carlinhos Almeida (PT) como prefeito de São José dos Campos, no ano passado.

No último pleito nacional, ele também contou com apoio da administração municipal, como irá ocorrer na disputa do ano que vem. Porém, o número dois do Executivo em Mauá já declarou publicamente que o momento é mais favorável para sua eleição justamente por ocupar o cargo de vice-prefeito. Na avaliação dele, sua projeção política atualmente é maior que em 2010, quando era apenas secretário de Obras em Mauá.

Outro fator que pesa pela manutenção de Helcio ao lado do prefeito, Donisete Braga (PT), é a concorrência interna na sigla. O titular da Pasta de Serviços Urbanos, Rogério Santana (PT), ainda tenta se colocar na briga pela candidatura a federal. Apesar de perder força com o passar dos dias, a movimentação do correligionário preocupa o vice-prefeito.

Helcio não foi encontrado para comentar o assunto.

QUASE POSSE

Essa não é a primeira vez que Helcio tenta se livrar do cargo de deputado federal. No começo do ano, ele foi chamado pela Secretaria-geral da Câmara para assumir a vaga de Almeida. Na ocasião, avisou que o cargo pertencia ao ex-vereador da Capital Francisco Chagas (PT), que teve seu registro cassado pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), mas reverteu o caso no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O parlamentar tomou posse semanas depois.