Economia Titulo Potencial de consumo
Região gastará quase R$ 1
bi com serviços financeiros

Quanto maior o rendimento mensal da família,
mais será desembolsado com essas despesas

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
22/09/2013 | 07:15
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Arquivo/DGABC


O potencial de consumo do Grande ABC com produtos e serviços financeiros, neste ano, é de R$ 999,51 milhões. Cada morador vai desembolsar, em média, R$ 388,71.

As famílias com maior renda (classe A) são aquelas que mais vão gastar com esse tipo de despesa. Em média, por domicílio, serão R$ 11.532 no ano. O valor é 93 vezes maior do que o potencial por residência das classes D e E, de R$ 124.

Os dados fazem parte de levantamento, exclusivo ao Diário, obtido com a ferramenta Pyxis Consumo 2013, do Ibope Inteligência.

São considerados como despesas financeiras os pagamentos de seguros, taxas de extrato, talão de cheque, juros de cheque especial e de cartão de crédito e liquidação de empréstimos bancários.

Também entram na lista os valores cobrados pelas instituições para liberar crédito, realizar transferências, devolver cheque, manter a conta bancária e emitir documentos e a segunda via de cartão.

Para garantir uma situação mais confortável aos seus familiares, caso ocorra um imprevisto trágico, o comerciante Roberto Vieira da Silva, 38 anos, contrata seguro de vida há dois anos. Morador de São Bernardo, Silva avalia que a despesa financeira tem um bom propósito. “Entendo que vale muito a pena ter esse gasto”, destaca.

A operadora de loja Maria Faustino, 23, no entanto, gasta o mínimo possível com bancos. “Eu tenho uma conta, mas não sei o quanto custa por mês. Sei que pago. Mas não tenho cartão de crédito, de loja, empréstimos, nada disso.”

Maria é um dos exemplos que explicam a distância entre o potencial de consumo da classe A e o das classes D e E. Muitos dos menos abastados desembolsarão os R$ 124 (média) para liquidar a manutenção da conta.

Na avaliação do gestor da Escola Tecnológica de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e professor de Economia e Finanças Norival Caruso, as famílias com menor renda gastam muito com bens de consumo. “Elas não têm muitos recursos disponíveis para pensar em outros serviços financeiros.”

A atendente Janaína Moreira, 23 anos, revela que não tem conta-corrente. Ela paga tudo em dinheiro e garante que está muito bem desta maneira. “Prefiro não ter esse gasto. Evito ter dor de cabeça.”

Segundo a Pesquisa Socioeconômica do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas), a renda média mensal das famílias da classe A na região é de R$ 10.570. Já dos domicílios das classes D e E, R$ 1.260.

DISTRIBUIÇÃO


As famílias da classe B, cuja estimativa do Ibope é de 35% do total de domicílios da região, são o grupo que vai mais desembolsar com produtos e serviços financeiros até o fim do ano. O potencial de consumo nessa esfera é de R$ 535,29 milhões, ou seja, 53,5% dos desembolsos previsto para o Grande ABC.

Mesmo com a superioridade na média por residência, a classe A, que está em menor quantidade na região (2,7%) é o segundo grupo que mais gastará, com potencial de R$ 257,7 milhões.

Em seguida aparece a classe C, com projeção de gastos com taxas, tarifas, empréstimos e juros financeiros de R$ 196,03 milhões. Por fim, as classes D e E vão desembolsar, em 2013, R$ 1,05 milhão, aponta o Ibope.

GREVE

Apesar de todo o montante que o morador da região deverá gastar com serviços financeiros neste ano, quase R$ 1 bilhão – o que vai engordar ainda mais os cofres dos bancos –, os trabalhadores do setor estão em greve em todo o País por melhores condições.

No Grande ABC, a categoria reúne 7.300 funcionários, que atuam em 450 agências. Eles reivindicam reajuste salarial de 11,93%, percentual composto pela inflação mais 5% de alta real. A proposta da Fenaban (Federação Nacional de Bancos), entretanto, é de correção de 6,1% no total.

A paralisação começou na quinta-feira e continua amanhã. O Sindicato dos Bancários do ABC fechou 108 agências no primeiro dia de greve e 132 no segundo. Ao todo, nos dois dias cruzaram os braços 3.100 funcionários. Para segunda-feira não foi divulgada previsão de unidades fechadas, mas a expectativa é ampliar o número.  




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