Misturando discussão moral, sexo, família e casamento, o espetáculo 'Doroteia', de Nelson Rodrigues (1912-1980), estreia no sábado, no Teatro Raul Cortez, na Capital.
Triste com o falecimentodo filho pequeno, Doroteia, interpretada pela atriz Alinne Moraes, resolve voltar à família para ter mais conforto e começar uma nova vida.
Isso significa largar a prostituição e ficar feia. As responsáveis pelo acolhimento e restrições de beleza são as três primas viúvas e religiosas da protagonista: Dona Flávia, Carmelita e Maura.
Para aumentar a feiúra das beatas, o diretor João Fonseca escolheu três homens para dar vida às primas: Gilberto Gawronski, Alexandre Pinheiro e Paulo Verlings.
Morando com as parentes, a personagem-título larga a profissão e começa a considerar sua antiga atividade imoral. Ela, por exemplo, se arrepende de ter dormido com um médico em troca do tratamento do filho doente. O discurso conversador das primas começa a fazer sentido para ela.
A feiúra e o desprendimento dos prazeres carnais são postos em cena, já que Dona Flávia acredita que a beleza de Doroteia pode encher a casa das fervorosas oradoras de pecado e destruição. A montagem também representa a pureza como falta de forma estética e beleza.
Com os principais elementos polêmicos dos textos rodriguianos, o outro foco do enredo é a história de Das Dores (Keli Freitas), filha de Carmelita, que é prometida em casamento para um rapaz que ela não deseja.
A peça faz parte das comemorações do centenário do escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, que definiu o texto como "uma farsa irresponsável".
Escrita em 1949, originalmente para a atriz e cantora lírica Eleonora Bruno - mãe de Nicetti Bruno -, a montagem foi levada aos palcos um ano depois pelo diretor polonês radicado no Rio de Janeiro Zbigniew Ziembinski.
Doroteia - Teatro. No Teatro Raul Cortez - Rua Doutor Plínio Barreto, 285, São Paulo. Tel.: 4003-1212. 6ª, às 21h30; sáb., às 21h; e dom., às 19h. Ingr.: R$ 60 (6ª e dom.) e R$ 70 (sáb.). Até 14 de outubro.
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