Economia Titulo Previdência
Segurança e acesso fácil devem fazer parte dos projetos de reforma

Muita gente embeleza a casa sem pensar nos detalhes que ajudam a evitar acidentes

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
16/09/2013 | 07:07
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O incentivo fiscal para compra do material de construção se mantém até o fim do ano e muita gente está aproveitando a oportunidade para reformar a casa. Mas, infelizmente, muitos projetos não levam em conta que as pessoas envelhecem. E a desatenção a detalhes que aumentam a segurança pode transformar um lar em uma perigosa armadilha. Especialmente para quem tem mais idade, um acidente doméstico pode ter conseqüências graves.

Recentemente a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo divulgou um levantamento que mostra que, no ano passado, 27.817 pessoas com mais de 65 anos foram internados no SUS (Sistema Único de Saúde) depois de sofrerem tombos em suas casas. Para se ter uma ideia do volume, basta dizer que a cada 20 minutos um idoso vai ao chão. O mesmo estudo aponta que um em cada três idosos que cai acaba tendo consequências sérias para a sua saúde. Um em cada 20 acaba quebrando algum osso. No caso dos maiores de 80 anos, o índice de fraturas aumenta para 40%.

QUEDAS - Os idosos têm maior propensão a cair por uma série de fatores físicos que costumam aparecer conforme os verões se somam. Alterações na visão e na audição são as mais facilmente percebidas, mas o passar dos anos também piora a percepção corporal, amplia as chances de degeneração de juntas, musculatura e estrutura óssea. Outra alteração frequente é nas células nervosas que auxiliam no controle da pressão arterial quando a pessoa muda de posição de sentado para em pé.
Diante deste quadro, é fundamental tomar as precauções para evitar que agentes externos agravem a tendência natural, e a situação das residências acaba tendo muito a ver com isso.

OLHO VIVO - Para o arquiteto especializado em projetos hospitalares Thiago Marques, de Santo André, as pessoas se esquecem que é preciso prever itens de segurança na hora de projetar os ambientes.

Segundo ele, a experiência mostra que qualquer pessoa pode passar algum tempo na cadeira de rodas – nem os mais jovens e saudáveis estão livres de uma contusão no futebol ou uma torção no tornozelo – e é nesse momento que eles percebem o quanto é difícil se movimentar nas suas casas. “Portas estreitas, boxes de banheiro difíceis de entrar, pisos escorregadios, desníveis, degraus, espaços entulhados – tudo isso representa barreiras quase intransponíveis para quem está com a mobilidade reduzida”, diz Marques.

O arquiteto recomenda que, na hora de planejar reformas em casa, esses empecilhos sejam identificados e eliminados. “Não é transformar a casa em hospital. Um bom profissional é capaz de deixar tudo bonito e seguro e ainda observar a questão do custo”, afirma.

Marques também lembra que sai muito mais barato escolher os materiais certos antes de começar a mexer na casa para, no futuro, não ter de substituí-los, o que tende a custar bem caro.

A recomendação é tomar muito cuidado com o tipo de piso que é colocado. Alguns dos esteticamente mais bonitos e valorizados, como o mármore, o granito, outras pedras naturais e o porcelanato, se tornam extremamente lisos, especialmente quando molhados. E, para piorar, costumam ser instalados justamente em ambientes em que é freqüente que isso aconteça, como cozinhas, varandas e banheiros.

NAS LOJAS - Mas, antes de sair quebrando tudo, Marques recomenda tentar uma novidade: a aplicação de um produto transparente que forma micro ventosas que geram tração no piso e eliminam o seu potencial para escorregões. O custo do produto de primeira linha, certificado, é de R$ 17 por metro quadrado e ele tem duração de dois anos. “A vantagem é que o produto não afeta a estética e garante a segurança para todos da família”, diz Marques.

Alguns equipamentos simples, como as barras de segurança, ajudam bastante a terceira idade. “O ideal é instalar as barras perto do vaso sanitário e dentro do box do banheiro, que também pode receber um banquinho basculante acoplado à parede para facilitar a vida de quem está mais debilitado”, diz o arquiteto andreense. Cada barra de apoio simples custa entre R$ 110 e R$ 600, dependendo do tamanho e do material. As barras em L podem passar dos R$ 1.500. Já a cadeira de banho articulada de uma marca famosa custa R$ 3.120. Para quem não quiser investir tanto para tomar banho, a recomendação e usar uma banqueta ou uma cadeira plástica e prever um lugar para ela no banheiro.

Outra dica do arquiteto é instalar sensores de movimento para o acendimento das luzes. Muitas pessoas acabam se movimentando no escuro porque acham que conhecem onde estão as coisas na casa, mas a falta de iluminação aumenta o risco de tropeços e quedas.

Para evitar acidentes, a pessoa idosa, seu arquiteto ou mesmo seus familiares devem fazer uma vistoria crítica em todos os cômodos para evitar possíveis ameaças como tapetes soltos, móveis ou vasos em corredores, quinas e até portas ou janelas emperradas – há sempre o risco que na hora de fazer força para abrir ocorra um desequilíbrio. O ideal é que todas as portas abram completamente (sem ter nada atrás que limite sua abertura) e que o acesso a todas as janelas seja livre.

EM ALTA - Mas o entusiasmo por consertar a casa pode passar na frente da precaução. Em 2012, o mercado de material de construção movimentou 55 bilhões. Para este ano, de acordo com dados do Sinduscon-SP (Sindicato da Construção Civil) e da FGV (Fundação Getúlio Vargas) a perspectiva é que o crescimento do setor seja de 4%, maior que o do PIB (Produto Interno Bruto) estimado para o País. Especialistas do setor estimam que as reformas sejam responsáveis por 35% do que o setor da construção gera. A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Indutrializados) para material de construção vai até dezembro de 2013.
 




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