Economia Titulo Sindicatos
Metalúrgicos paralisam 35 empresas

Em seis dias, categoria faz assembleias para pressionar patrões a colaborarem com o acordo coletivo

Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
16/09/2013 | 07:07
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Seis dias de assembleias até sexta-feira. Produção parada por até quatro horas em 35 empresas de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Cerca 10 mil trabalhadores de braços cruzados. E tudo isso para pressionar os empresários a contribuir para que o sindicato patronal apresente uma proposta de reajuste salárial para os metalúrgicos neste ano, que pedem a reposição da inflação e aumento real de 2%.

Esse é o balanço, com base nos cálculos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, dos últimos dias de mobilização da categoria na região. A data base da categoria é dia 1º de setembro. As assembleias continuam até amanhã, pois após esse período, segundo o diretor executivo da entidade, Amarildo do Sesário de Araújo, será votada a greve geral.

Depois de quatro dias de paralisações, como ocorreu na quinta-feira em Diadema, com cerca de 2.000 mil trabalhadores do Grupo Dana e da Brasmetal, nas ruas que cercam as fábricas, os metalúrgicos tiveram uma conquista. Como as negociações seguem pela FEM-CUT/SP (Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos da CUT no Estado de São Paulo) com os sindicatos patronais, os representantes das empresas apresentaram propostas de aumentos reais, porém alguns para pagamento a partir do ano que vem e outras, imediatas. Todas rejeitadas pela federação.

O diretor titular do Ciesp (Centro da Indústria do Estado de São Paulo) de Diadema, Donizete Duarte da Silva, deixa claro que todas as companhias do setor, na região, foram orientadas a não fechar acordos particulares. “Estamos próximos de um acordo coletivo e não podemos diminuir a força dele.” Sobre as negociações, ele justifica que as empresas do Grande ABC passam por um momento delicado, sem incrementos no faturamento, influência do alto índice de concorrência dos insumos importados. Com isso, os reajustes com aumentos reais geram impactos elevados.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, avalia que as negociações neste ano estão muito difíceis, mas avaliou como positivo os resultados das 35 assembleias realizadas nos seis dias. “Essa pressão é fundamental para caminharmos a um acordo coletivo interessante para a categoria”, diz.

Para Marques, a semana passada foi muito intensa, mas as propostas patronais de aumentos reais, ainda não satisfatórias para a categoria, são um avanço. Em assembleia da semana retrasada, ele afirmou que uma paralisação total aconteceria na sexta-feira, caso os patrões não apresentassem ofertas interessantes aos trabalhadores. Mas o prazo foi estendido para amanhã (terça-feira). Ele opinou que valeu a pena postergar, pois as negociações estão caminhando. No entato, garantiu que os proximos dias serão definitivos, tanto para fechar um acordo quanto para iniciar uma greve.</CW>

MONTADORAS - As montadoras seguem com acordos individuais. Como ocorreu em agosto com a Ford, que ofereceu incremento real de 2%. E na Scania, cuja greve foi instaurada, por tempo indeterminado, na sexta-feira, após os trabalhadores rejeitarem a proposta de mudança na PLR (Participação nos Lucros e Resultados) da empresa.</CW>

ANÁLISE - Na avaliação do professor de Gestão de Pessoas da Uscs (Universidade Municipal de São Caetano) Edson Brunelli Rodrigues, a pressão exercida pelos sindicatos é normal, tendo em vista que eles devem tentar ao máximo os melhores acordos para os trabalhadores. “Eles vão fazer o papel deles até o final. Já as empresas aceitarão as greves, por exemplo, até entender que isso seja justo.” O acadêmico ressalva que, ultrapassado o limite, as companhias podem recorrer à Justiça.
 




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