Cultura & Lazer Titulo Especial
A hora e a vez dos musicais

Consolidação do gênero no País atrai interessados
em investir na união entre dança, teatro e canto

Thiago Mariano
18/08/2013 | 07:10
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Marina Brandão/DGABC


Técnica em radiologia, a são-bernardense Nívea Cavalcanti, aos 42 anos, resolveu fazer algo diferente. Apaixonada por teatro musical, decidiu, observando o aquecimento da área no mercado, a aprender cantar, dançar e atuar. 

O gênero, consolidado pelas montagens que não param de estrear e encher as salas de espetáculos do País, requer meios que só há pouco começaram a estar disponíveis. Com o aumento da demanda na área, cursos profissionais específicos surgiram, mais oportunidades de trabalho apareceram, além do sortimento da oferta de opções para o público.

“Sempre achei o teatro musical mais emocionante que o tradicional. Acabei saindo da sala de musculação para ir para a de dança. Quando me aposentar, quero partir para uma nova profissão”, diz Nívea, que além de artista, não descarta trabalhar por detrás dos bastidores, em alguma função técnica. “Antes, tinha certeza que começaria como performer, faria minha rede de contatos, montaria uma empresa de prestação de serviços e iria para o backstage, mas tive um feedback bacana do meu desenvolvimento na área de canto, e pretendo investir também na parte artística”, completa.

A parte do canto, aliás, é um dos calcanhares de Aquiles para quem deseja seguir a profissão. É o que pensa Fernanda Chamma, uma das maiores coreógrafas do País, que já assinou obras como 'Hairspray', 'A Gaiola das Loucas', 'A Família Addams' (inclusive na versão portenha, como diretora-geral), e é diretora artística do projeto social Paulínia Ao Vivo, que oferece formação em teatro musical para cerca de 1.000 jovens em Paulínia, no interior paulista.

“A pessoa tem que cantar. Dançar, pode até dançar não muito bem, eu adoro coreografar quem não dança. Prefiro atores que cantem do que só bailarinos. Não adianta dançar, sapatear e não ser afinado para o coro”, diz Fernanda, que acredita que dedicação é o mais fundamental, e que o investimento vale a pena.

“Hoje, os musicais pagam a mesma quantia que uma pessoa formada na faculdade recebe. Se você estudar quatro ou cinco horas por dia, igual a pessoa que busca formação universitária, vai ter as mesmas condições que têm as pessoas com um emprego formal.”

Para ela, como tudo é recente por aqui, vale investir em cursos específicos. “Neste momento, ainda não acredito em escola única. Sugiro pegar um bom professor de canto, dois talvez, para aprender técnicas diferentes, fazer alongamento, jazz, balé clássico. Pularia de galho em galho.”

Nívea, que estuda há quatro anos, sabe que o nível de exigência é alto e eterno. “Não tinha afinidade com nenhuma das áreas quando comecei, logo percebi que é um universo gigantesco, precisa de disciplina de atleta, tamanho o esforço dos obstáculos que você tem que vencer.”

Tinno Zani, de São Bernardo, começou na área jovem. Desde criança ele sonhava com o universo mágico dos musicais. Estreou em 'Miss Saigon', fez também 'O Médico e o Monstro'. Hoje, além de atuar, dá aulas. “Acredito que em um primeiro momento, uma das áreas te chama mais, e a partir desse primeiro interesse, você vai buscar os outros. Comigo foi o teatro, a interpretação. Hoje, as pessoas que têm mais domínio sobre as três áreas de forma equilibrada acabam passando na frente”, diz ele, que considera que talento não é tudo. “É um trabalho de doação, é necessário estar com o corpo presente, ativo nesse processo, porque é necessário se despir sem medo para conseguir um resultado significativo.”

CARREIRA

Do palco para os bastidores, Ricardo Marques, fundador da escola e produtora 4ACT, especializada em musicais, era músico, tinha dois CDs gravados. Em viagem a Nova York, se aproximou do universo dos musicais e quis trazer um pouco da estrutura que existe lá na Broadway para o Brasil.

“O público quer algo além de teatro e cinema. Pela grandiosidade que os musicais trazem, além do apelo já muito conhecido das famosas montagens da Broadway, a área tem feito sucesso e já garantiu seu espaço no País. O que chama a atenção são as produções, as pessoas querem ver grandes cenários, figurinos lindos, histórias emocionantes. É um público que gosta de ser surpreendido no palco. Com a vinda desses espetáculos, não só atores de musicais são necessários, mas designers de luz, operadores de som, cenógrafos, figurinistas, vários tipos de profissionais”, diz Marques. 




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