Economia Titulo Mais caro
Em 19 anos, Brasil
acumula inflação de 333%

No período do Plano Real, carvão e gás de cozinha
tiveram maior variação de preços, com alta de 868%

Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
18/08/2013 | 07:08
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Arte Rafael Levi/DGABC


Os gastos com alimentação são aqueles que mais pesam no bolso das famílias com menor renda quando há forte pressão inflacionária. Mas durante os 19 anos de Plano Real, que tinha como principal objetivo conter o avanço dos preços, comer não foi o que mais debilitou o bolso do consumidor. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas os pescados aparecem entre os dez primeiros grupos de despesas que mais tiveram inflação desde 1994.

Por ordem decrescente de inflação acumulada durante o Plano Real até o fim de julho, os vilões são os combustíveis domésticos, os aluguéis e taxas, os serviços de comunicação, transporte público, serviços pessoais, pescados, planos de saúde, fumo, serviços médicos e dentários e, por fim, os cursos.

Os dados são da pesquisa completa do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), apurada pelo IBGE. Este indicador aponta a inflação média para as famílias brasileiras com renda entre um e 40 salários-mínimos.

Antes de mais nada, é preciso deixar claro que em 19 anos, encerrados em julho, a variação média de preços para os consumidores atingiu 333,58%.

Neste mesmo período, conforme o IBGE, o grupo dos combustíveis domésticos – que inclui o carvão vegetal, muito conhecido dos churrasqueiros de plantão, o botijão de gás e o mesmo produto encanado, muito utilizado em prédios – encareceu em média 868,91%. Esse percentual tem pouca pressão proveniente da última década, em que o ano com maior inflação foi 2009, com 12,96%. Porém entre 1995 e 2002, o consumidor viu esses produtos subirem, em 12 meses, até 46,02%, em 2002.

O segundo conjunto de despesas que mais ganhou gordura de 1994 para cá foi o de aluguel e taxas. Segundo o IBGE, atingiu expansão média de preços de 787,68%. Estão incluídos os aluguéis residenciais, condomínios, taxas de água e esgoto e serviços de mudanças.

Em terceiro da lista estão os serviços de comunicação, que tiveram inflação acumulada de 712,57%. Atualmente estão dentro desta categoria as despesas de correio, telefone fixo, público e celular, acesso à internet, aparelho telefônico, telefone com internet e TV por assinatura com internet.

O professor de Finanças Ruy Cardoso, que ministra aulas na Universidade Presbiteriana Mackenzie, FIA, Fipecafi e Facamp, avalia que a maioria das despesas com maior inflação tem influência da gestão pública. “Ela que regulamenta o petróleo, as concessionárias. Se o próprio governo permite que a estrutura não funcione corretamente, tudo ficará mais caro, e será repassado nos preços.”

Em seguida figuram os transportes públicos, com 648,75%; os serviços pessoais, com 610,24% e finalmente na sexta posição, os pescados, com 549,44%. Completam o ranking os planos de saúde, com 533,42%; o fumo, com 508,23%; os serviços médicos dentários, com 454,47%; e os cursos, 451,23%.

Cardoso comenta ainda que a média de inflação anual é de 8%, com base no IPCA em 333%. “E um País desenvolvido tem, no máximo, 3% ao ano”, diz. “Isso só muda quando a política não interferir na continuidade de programas e ações de estímulo ao crescimento."
 




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