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Ficção do Cérebro

Andréa Del Fuego parte do zero na composição de As Miniaturas, seu segundo romance

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
07/08/2013 | 07:00
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Andréa Del Fuego teve “trabalho dobrado” em seu segundo romance. Depois de estrear no gênero com 'Os Malaquias', em 2010, e ter ganhado o Prêmio Saramago (o mais importante da literatura lusófona), a escritora são-bernardense volta às prateleiras com 'As Miniaturas' (Companhia das Letras, 136 páginas, preço médio R$ 34). A obra será lançada hoje, às 19h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Avenida Paulista, 2.073, São Paulo. Tel.: 3170-4041).

Fugindo de sua própria história, que permeou a narrativa de 'Os Malaquias', Andrea partiu do zero nesta nova empreitada. “Antes era tudo mais familiar, estava segura porque desenhava personagens em cima de figuras que conheci. Esse foi do zero mesmo, senti um trabalho dobrado. É uma luta, você nunca sabe se vai terminar quando começa”, diz ela.

Ambientado em São Paulo, o romance se passa em edifício com salas ocupadas por oneiros, figuras que conduzem os frequentadores do espaço a sessões de sonhos. Miniaturas de objetos corriqueiros são o elo do contato entre as pessoas deste prédio. Um dia, um oneiro atende, contra o regulamento, o filho de uma de suas pacientes, uma taxista que trabalha penosamente para sobreviver após o sumiço do marido, e passa a se envolver na vida dos dois.

Os sonhos instigaram a criação. Andréa, que estuda filosofia, um dia se deparou com a obra 'Sobre a Interpretação dos Sonhos', do grego Artemidoro, que viveu no século 2. “Durante a escrita, me preocupei muito com a parte dos sonhos, como se na verdade o mecanismo do sonho não fosse coisa profética, aquela coisa que traz orientação. Ele faz parte de uma engrenagem até burocrática”, fala a escritora.

Particularmente, ela gosta muito de seus sonhos. Por certo período manteve um diário para registrar e lembrar dos pensamentos noturnos. “O sonho é incrível, algo que acontece quando estamos dormindo, indefesos, uma ficção do cérebro.”

Para compor a obra, a escritora fugiu de suas próprias acepções sobre o assunto. “Me coloquei para escrever algo que parte do pensamento, um exercício que vai ao contrário do que você acha”. O sonho, no livro, surge mais como objeto fisiológico, não como elemento profético, de expectativa para a vida.

“Esse livro divide os sonhos. Há uma parte de sonhos premonitórios, divinos, e outra dos sonhos ordinários. A interferência é o contrário também. As pessoas reais interferem no mecanismo do sonho.”




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