Hatches com carroceria quatro portas os dois são. Chineses, também. E você pensa que as semelhanças param por aí? Engana-se. Próximos da fabricação em território nacional, Chery Celer (que sairá das linhas da fábrica de Jacareí, interior de São Paulo) e JAC J3 (em Camaçari, Bahia), os modelos ainda são importados do oriente e custam os mesmos R$ 35.990.

Na motorização, mais semelhanças. A potência de 108 cv a 6.000 rpm é extraída tanto do motor do Celer, um 1.5 flexível, quanto do 1.4 VVT a gasolina do J3. A desvantagem do JAC começa aí, pois em tempos de carros bicombustíveis, é praticamente uma gafe beber somente o derivado do petróleo.

Apesar de terem o mesmo torque de 14 mkgf, o Celer é um pouco mais esperto em arrancadas e retomadas. Mérito da força que aparece mais cedo, já aos 3.000 rpm – no J3, apenas aos 4.500 giros. Por outro lado, o JAC é 140 quilos mais leve.

COMPORTAMENTO

Sim, até agora as vantagens estão a favor do Celer. Mas a brincadeira para por aí. Nenhum dos dois têm características brilhantes, mas o J3 acaba se sobressaindo. Detalhes como pedais extremamente duros (no freio, causa até certa imprecisão), câmbio barulhento, suspensão incômoda e altíssimo nível de ruído na cabine apagam os holofotes voltados ao Chery – que chama bastante atenção nas ruas, seja pela euforia da novidade, ou mesmo pelo desenho de bom gosto criado pelo estúdio italiano Torino Design.

Se por fora o carro arranca elogios, por dentro ainda precisa de muitas correções. A começar pelo plástico presente por todos os lados e que está longe de ser, como se costuma dizer, sensível ao toque. No quadro de instrumentos, os mostradores pequenos, além de retrógrados, trazem iluminação vermelha, que cansa o motorista no dia a dia. O JAC recebeu mudanças no componente e traz detalhes que imitam cromado. Mais harmônico.

PACOTE

Há alguns anos, Celer e J3 seriam considerados carros superequipados. No pacote, ambos trazem de série (não há opcionais) itens como trio elétrico, ar-condicionado, rádio com CD player e entrada USB, faróis de neblina, rodas de liga leve de 15 polegadas, ajuste elétrico de altura dos faróis e coluna de direção com regulagem. O volante multifuncional (para 

controle do rádio) e o sensor de ré estão apenas na lista do JAC.

No porta-malas, o Celer reage, com 30 litros a mais que o adversário da JAC – são 380 litros, contra 350 litros. E só o Chery traz iluminação e abertura da tampa através da chave ou do botão interno – curiosamente situado próximo aos comandos do ar-condicionado. O entre-eixos do Celer também é maior (confira a ficha técnica na página seguinte) e acomoda melhor quem vai atrás. Porém, para o ocupante central, nada de encosto de cabeça.

Veredicto

Apesar de ter sido um duelo ligeiramente apertado, o JAC J3 sai vitorioso por trazer alguns itens a mais na lista de série, ter acabamento superior e mecânica mais aprimorada. Em contrapartida, não dá para deixar de lado a esperteza do Celer em arrancadas e retomadas, mérito do torque (também de 14 mkgf), que aparece mais cedo, dando um pouco mais de vigor.