Os planos de governo dos candidatos à Prefeitura de Ribeirão Pires, disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), exibem propostas curiosas e até mesmo questionáveis. O candidato Saulo Benevides do PMDB fala em construir minirrodoviária com escada rolante que ligará dois pontos diferentes da cidade.

"Com a proposta, os ônibus vão passar pelo Centro Alto e a escada será feita para as pessoas acessarem a nova rodoviária (localizada no Centro Baixo)", explicou Benevides. A instalação de microchips em animais e esportes náuticos nas represas também estão na lista de suas propostas. "É preciso fazer uma consulta para ver se realmente é o que a população quer, além da quantidade de pessoas que serão beneficiadas por essas ações", falou o professor de administração e economia da Fundação Santo André João Carlos Lernic.

Saulo também promete isentar o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) dos aposentados que ganham até três salários-mínimos. No entanto, Lernic explica que a arrecadação do município poderá ser substancialmente menor, o que pode prejudicar as finanças da cidade. "Por isso é importante saber a quantidade de aposentados residentes (19 mil, de 114 mil habitantes) . É algo que merece um estudo aprofundado", avaliou o especialista.

O postulante do PMDB também projeta criar um polo industrial na cidade. "Alguns pontos são apropriados, como a margem da rodovia Índio Tibiriçá. Falam que Ribeirão está numa área de 100% manancial e não pode ter empresas, mas pode sim, desde que não seja empresa poluente".

Para Lernic, é necessário analisar com mais profundidade quais são as prioridades do município. "É preciso identificar a principal vocação de Ribeirão, que prioriza mais o turismo e o lazer (áreas que já estão em desenvolvimento) e que não é como São Bernardo e Santo André que já têm a indústria consolidada." 

SEM PLANO

O candidato ao Paço pelo PPS, Edinaldo de Menezes, o Dedé, é o único candidato que ainda não tem o plano de governo disponível no TSE. 

Plano de Maria Inês não detalha propostas 

O plano de governo da candidata ao PT à Prefeitura de Ribeirão Pires, Maria Inês Soares, não detalha as propostas da prefeiturável.

Desde o início da campanha, no dia 6 de julho, a petista evita falar com profundidade das ações que pretende colocar em prática caso seja eleita. Mas já afirmou que implementará projetos do governo federal. "Nós vamos apresentar um documento que contém as diretrizes nacionais, adaptado para a realidade da nossa cidade",

Na semana passada, a candidata disse que seu programa de governo ainda estava sendo formulado - isso porque o documento enviado ao TSE é uma prévia - e, portanto, não gostaria de comentar propostas. Um exemplo é sobre a infraestrutura que pretende oferecer para atrair empresas para a cidade. "Não gostaria de comentar antes, é uma das cerejas do bolo", falou. A candidata declarou na terça-feira, quando visitou funcionários da montadora Mercedes- Benz, em São Bernardo, que não tinha perfil para fazer discurso eleitoreiro. "Que é prometer mudanças que os eleitores querem ouvir, mas sem levar em conta o comprometimento do Orçamento. Eu faço a política que eu entendo que é a política correta. A minha responsabilidade é falar a verdade", comentou Maria Inês. 

Ticianelli propõe ajuda federal para ter creche 24 horas 

Professor de matemática e candidato a prefeito em Ribeirão Pires, Alberto Ticianelli (Psol) quer implantar medidas revolucionárias na Educação.

O prefeiturável destacou a viabilidade do projeto graças aos investimentos da União. "O governo federal tem programa para creches. O período de 24 horas é inovador e precisamos estudar melhor para ver o funcionamento", afirmou.

O docente especializado em administração e economia da Fundação Santo André João Carlos Lernic questionou a proposta por conta da abrangência. "Na hora de fazer as inscrições, tem um público baixo", analisou.

Outra medida curiosa proposta por Ticianelli foi a redução no valor da passagem de ônibus. O candidato se comprometeu fazer decreto para abaixar a tarifa de R$ 2,40 para R$ 1,80 no primeiro dia de governo. Porém, o socialista já se mostrou reticente. "Gostaria que os vereadores tivessem sensibilidade. Não quero ser ditador", reiterou. Lernic atentou para os riscos. "Precisa comprovar margem de lucro além, pois há chance de processo", explicou.