Desde que a temperatura baixou a ponto de fazer com que muita gente sinta vontade de abrir a geladeira para se esquentar um pouco, vale tudo para combater o frio. Casacos, cachecóis e meiões têm seu valor, mas nada supera, em termos de eficiência na luta contra a sensação de enregelamento, a estratégia de comer alguma coisa bem quentinha e as sopas são a escolha da maioria.

Quem agradece essa preferência são as padarias, que se tornam o lugar favorito dos moradores da região para comprar ou consumir seus caldos e cremes.

“Temperatura em torno dos 10°C, chuva fina e ventinho é o clima ideal para fazer a alegria de um padeiro”, diz Henrique Afonso Junior, sócio da Padaria Brasileira, que admite que esse clima faz o faturamento crescer entre 10% e 15%.

“Na quarta-feira,por exemplo, vendemos mais de 1.300 sopas entre cumbucas, embalagens para viagem e bufê. Num dia normal, ou com frio moderado como maio, a saída é metade disso”, estima.

Nessa época, ficar atento à previsão do tempo é o segredo para não ser pego de calças curtas. “Conforme o que a gente vê na meteorologia, reprograma as atividades dos funcionários (cerca de 100) nas áreas de preparo da cozinha central para fazerem uma força-tarefa para atender à demanda por sopas”, diz.

Na Brasileira, os sabores mais procurados são, em ordem de popularidade, legumes com carne, caldo verde, canja, feijão com macarrão e mandioquinha. “Interessante é que o consumo deste prato cai durante o fim de semana, sopa não combina com momentos de lazer, tem a ver com a necessidade de se esquentar”, analisa. Outra reflexão do empresário é que as pessoas procuram as padarias para tomar os caldos e cremes por acharem mais informal e acessível do que em restaurantes.

EM CASA

“É imediato. Conforme o termômetro desce, as vendas dos itens que esquentam – como sopa, café e chocolate – sobem”, diz Anderson Scarelli,o gerente da padaria Villa Inca, de São Bernardo. “Nesta semana, vendemos, pelo menos, 50% a mais do que o normal para o inverno”, afirma Scarelli, que estima que os caldos foram responsáveis por 20% dos resultados do caixa nos últimos dias.

“O que achei curioso é o volume de pedidos de entrega de sopas que recebemos nessa onda de frio. Cerca de 40% das vendas foram no delivery”, diz Scarelli. Tudo indica que, com a friaca, ninguém quis sair de casa nem muito menos colocar a mão na água fria na hora de cozinhar.

Na Villa Inca, 60% das vendas se concentram em canja e caldo verde. Em terceiro lugar, fica mandioquinha com carne seca e, em quarto o creme de queijo. “No frio, a preferência das pessoas migra dos sorvetes, sucos e cervejas para o café, o chocolate e a sopa”, avalia.

“Nesses dias, até quem nem passava perto das cumbucas no bufê, passou a consumir. O resultado é que, enquanto o número de pessoas que pedem o alimento aumentou em 50%, o volume de consumo teve alta de 100%”, diz Maria José Oliveira, gerente da Padaria Bela Portuense, de São Caetano. Lá o carro-chefe é o creme de quatro queijos.

OUTROS PRODUTOS

A massa polar da década chegou gelando tudo na última semana. Embora os termômetros mostrassem temperaturas entre 6°C e 11°C, o vento e a umidade da chuva, faziam com que a sensação térmica fosse de estar muito perto de zero.

Sofrer na rua é chato, mas continuar se sentindo num freezer mesmo dentro de casa é algo que revolta. Assim, para garantir o sono tranquilo as pessoas tiraram do armário seus cobertores mais potentes ou correram para as lojas para comprar o que faltava para expulsar a Sibéria de dentro de casa.

Segundo levantamento feito pela rede de hipermercados Walmart, as vendas de aquecedores, cobertores e vinhos fizeram as caixas registradoras ferver.

Só na terça-feira, as comercializações de aquecedores nas lojas do Walmart do Sudeste foram 30% superiores a um dia normal de venda. Em Curitiba, onde nevou, o salto na saída de aquecedores foi de 300%.

No Sam’s Club, a venda de cobertores foi 242% superior nos últimos sete dias em relação a duas semanas atrás. A rede também comercializou 162% a mais de casacos do que média histórica.

Ainda no Walmart, mais precisamente no setor de alimentos e bebidas, os vinhos foram o destaque. Para aquecer de dentro para fora e combinando com as comidinhas de inverno, as vendas desse item foram 50% superiores às registradas no mesmo período de 2012. AC