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Empresas freiam demanda por crédito

Foi a maior retração no primeiro semestre desde 2009, quando o País enfrentava a crise financeira global

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
23/07/2013 | 07:00
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 A demanda das empresas por crédito encolheu no primeiro semestre deste ano, apontou estudo realizado pela empresa de informações creditícias Serasa Experian. A queda, que foi de 4,7% na comparação com mesmo período de 2012, foi a segunda maior da série histórica dessa pesquisa. Perde apenas para os seis meses iniciais de 2009 (quando havia caído 6,7%), no auge do impacto da crise financeira global no Brasil.

Empréstimos e financiamentos são instrumentos para as empresas crescerem e atenderem melhor outras companhias e o consumidor final. Segundo especialistas, uma série de razões ajuda a explicar esse movimento de retração, como o aumento da inflação e a alta dos juros, que reduzem o poder de compra do cliente, e também as incertezas em relação ao cenário da economia, o que traz insegurança para os industriais investirem na ampliação de sua produção. Um dos dados que trazem essa insegurança são as seguidas revisões para baixo nas projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma das riquezas produzidas no País). De acordo com o relatório Focus, do Banco Central, divulgado ontem, analistas financeiros, que há uma semana estimavam expansão de 2,31% no PIB neste ano, agora passaram a prever alta de apenas 2,28%. Há quatro semanas, calculavam 2,46%.

Segundo o economista da Serasa Experian Carlos Henrique Almeida, as empresas estão em compasso de espera, aguardando a queda da inflação, que torna o consumidor mais cauteloso nas compras. Ao mesmo tempo, o aumento da Selic (os juros básicos da economia), por parte do BC, significa elevação de custos, já que os bancos repassam essa expansão em suas taxas. “Fica mais difícil tomar crédito para capital de giro”, cita. As micro e pequenas empresas, que dependem mais do sistema bancário, são as que mais puxaram o freio do crédito, com retração de 5,6% no semestre na comparação com igual período de 2012.

Por setores, tanto a indústria quanto o comércio recuaram a demanda (que está respectivamente 6,2% e 7,4% menor nos primeiros seis meses do ano). Isso pode ser verificado pela queda no nível de utilização da capacidade instalada das fábricas de máquinas e equipamentos, cita o empresário Shotoku Yamamoto, que é vice-diretor de finanças do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele explica que esse é um termômetro da menor captação de recursos para as empresas fazerem ampliações de suas plantas. “O País está inseguro para investimentos”, diz.




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