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Aposentadoria abre
possibilidade de
fazer intercâmbio
Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
15/07/2013 | 07:36
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Divulgação


Não é raro ouvir as pessoas aconselhando os jovens a fazer intercâmbio antes de engrenar na vida profissional. De fato, viagens longas, de mais de um mês, se tornam inviáveis para quem está na ativa. Resultado: os profissionais passam décadas acalentando a frustração de, por uma razão ou outra, não terem vivido a experiência de fazer um curso fora do Brasil.

 De olho no público maduro, que já está com filhos criados e finanças equilibradas, as operadoras especializadas em intercâmbio oferecem vários programas para interessados de cabelos grisalhos.

 “Normalmente o pessoal de mais de 60 anos chega aqui para comprar intercâmbio para os filhos ou netos e acabam descobrindo que há alternativas sob medida para a idade deles”, conta o coordenador de marketing das lojas da CI (Central de Intercâmbio) no Grande ABC, Fabio Pereira.

 “Os programas criados para esse público levam em consideração os seus interesses. Muitos deles podem ter carga horária de aulas menor porque nessa faixa de idade o intercambista quer aproveitar mais as oportunidades culturais que o local oferece”, descreve Pereira. Segundo ele, na região, a maior procura é por cursos de business nos Estados Unidos. Algo que faz sentido para quem, embora aposentado, pensa em continuar a trabalhar.

 Graças a adequação dos programas, as vendas para a terceira idade quadruplicaram em poucos anos. Pesquisa realizada pela Belta (Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais), entidade que congrega empresas que respondem por praticamente 90% do mercado de intercâmbio no Brasil, apurou que em 2010, 2,8% das agências disseram oferecer programas para pessoas com idade acima de 50 anos. Em 2012, esta percentagem subiu para 10%.

 “Somos um dos principais exportadores de estudantes do mundo, tanto que diversas instituições internacionais visitam constantemente o Brasil para atrair nossos alunos”, diz o presidente da Belta, Carlos Robles. Segundo pesquisa feita pela ALTO (Association of Language Travel Organizations), entidade internacional da qual a Belta faz parte, em que participaram 229 escolas de idiomas de diversos países, 25% colocaram nosso País como um dos três principais durante o segundo trimestre de 2012. Em seis nações de uma lista com 12, a quantidade de estudantes brasileiros foi a primeira ou segunda que mais aumentou entre as nacionalidades. O segmento de intercâmbio tem crescido vertiginosamente. O número de brasileiros que viajaram para o Exterior para estudar saltou de 42 mil em 2004 para 175 mil, em 2012.

 Os cursos de idiomas com atividades extras, como enologia, gastronomia, esportes, têm se destacado bastante em termos de procura, dizem as agências. São programas que conseguem atender uma variedade muito ampla de faixas etárias e têm atraído cada vez mais brasileiros.

 O diretor-geral da World Study, organização de educação intercultural criada em 1998 e que oferece mais de 700 cursos em quase 40 países, Thiago Espana, reconhece potencial no mercado de intercâmbio para aposentados. “Ainda é novidade no Brasil, na Europa isso é muito mais comum e esses programas existem há muito tempo. Mas, a visão da terceira idade no Brasil vem mudando muito, com o desenvolvimento do País”, diz Espana, que aponta os cursos de idioma como os mais procurados, especialmente de inglês e espanhol.

 Ao que parece, o mergulho em outras culturas vicia. “Temos casos de alunos que já foram duas ou três vezes e querem ir de novo.”

ACELERAÇÃO

 Para o STB (Student Travel Bureau), a mais tradicional vendedora de intercâmbio do mercado paulista, esse potencial está rapidamente se convertendo em vendas. “Nos últimos dois anos, o STB registrou alta de 40% na demanda do público acima dos 50 anos. A expectativa de crescimento para 2013 é 15%”, diz a gerente de marketing, Suzana Martins, que destaca as opções na Europa como as favoritas. “Geralmente esse público opta por cursos de idiomas combinados com atividades ligadas aos hobbies e estilos de vida de cada um, principalmente na Europa, em especial na Itália”, diz Suzana. “Ao procurar programas de intercâmbio, esse público maduro pretende combinar o interesse em viajar e conhecer novas culturas e pessoas do mundo inteiro e fazer atividades com que sempre sonharam, mas não tiveram oportunidade de realizar antes, como estudar italiano combinado à gastronomia, enologia e história da arte”, descreve a diretora de marketing.

Preços para duas semanas podem variar em até 100%

Um curso de Italiano, em Roma, Itália, de duas semanas com 20 aulas em grupo mais atividades guiadas por professores especializados em Arqueologia e História da Arte combinadas a aulas de culinária; seminários de história da arte; tours guiados por Roma; passeio em carro privativo para Villa Adriana (Tivoli) e Castelli Romani, incluindo visita a adega, degustação de vinhos e jantar; excursão por Pompéia e Nápoles com hospedagem em casa de família (quarto individual), custa a partir de R$ 4 mil mais a passagem aérea.

 Para quem prefere o som do Espanhol, duas semanas na terra do Rei Juan Carlos com 20 aulas da língua em grupo e duas tardes de atividades culturais, aulas de dança e dois dias inteiros de excursão por semana saem por cerca de R$ 3.500 com acomodação em quarto individual numa casa de família com meia pensão (café da manhã e jantar) e terá de pagar a passagem aérea à parte.

 Quem quer curtir a terra dos Beatles e dos Rolling Stones por duas semanas, com as mesmas 20 horas de aulas, terá de desembolsar cerca de R$ 10 mil para o programa mais o transporte até Londres.

 Para quem gosta de música, mas prefere o sotaque novaiorquino, o programa de duas semanas com aulas de música e hospedagem em casa de família no bairro de Queens, custa em torno de R$ 3 mil mais a passagem aérea.

 Os amantes do Francês que desejam morar por duas semanas em Paris (em quarto duplo em casa de família), curtir 20 aulas da língua de Edith Piaf e passar as tardes livremente, vendo ‘la vie en rose’ em primeira mão, conseguem programas (só a parte terrestre) a partir de R$ 4.500.

 Quem quiser ir bem longe tem como opção a Austrália. O custo da passagem é mais alto, mas o programa que combina 25 horas de aulas de inglês e fotografia com hospedagem em casa de família com meia pensão durante a semana e pensão completa nos fins de semana custa cerca de R$ 3.500.              




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