Economia Titulo No Grande ABC
Exportações tomam o rumo da queda
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
15/07/2013 | 07:33
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A melhora da taxa cambial nos últimos meses não foi suficiente para fazer com que as exportações das empresas do Grande ABC se mantivessem em ritmo crescente. Depois de reação em abril na comparação com março, as vendas ao Exterior dos sete municípios voltaram a cair (11%) em maio, de acordo com números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

 Com mais esse desempenho fraco, a região registra queda de 0,9% na receita obtida com as encomendas ao mercado internacional, que atingiram US$ 2 bilhões nos primeiros cinco meses. E o que é pior: as importações seguem aceleradas. Cresceram 25% de janeiro a maio ante igual período de 2012, alcançando US$ 2,36 bilhões. Dessa forma, o saldo comercial dos sete municípios em 2013 até agora está negativo em US$ 351 milhões.

 A melhora do câmbio, com a valorização do dólar frente ao real – em janeiro oscilava em R$ 2 e em maio chegou a R$ 2,13, alta de 6,5%, e agora já atingiu R$ 2,26, ou seja, 13% mais –, contribui para dar mais competitividade aos produtos brasileiros no Exterior, apontam especialistas e representantes do setor industrial.

 No entanto, “isso não mexe nos pilares (da economia), falta infraestrutura, educação e nosso custo de mão de obra é alto”, avalia o economista Carlos Honorato, da FIA (Fundação Instituto de Administração). Ele considera ainda que esses são problemas crônicos na América Latina, que fica isolada no cenário mundial. “Argentina, Brasil e Venezuela ficaram muito voltadas para dentro”, diz.

 Na região, o que sustenta os negócios no Exterior é a indústria automobilística. Em São Bernardo, principal polo exportador do Grande ABC – representa hoje mais de 80% do valor obtido pelos sete municípios –, o principal item da pauta das encomendas a outros países são chassis de ônibus, que ampliaram vendas em 11% neste ano (totalizaram US$ 193 milhões).

 O diretor do departamento de Comércio Exterior da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) da cidade, José Rufino Filho, assinala que as vendas de veículos, como, por exemplo, os chassis, para Argentina, Chile e Peru, ajudam ainda a praticamente empatar os resultados deste ano com 2012. “Outras indústrias sentem maior dificuldade para competir lá fora. E o dólar a R$ 2,20 já é alguma coisa, mas não gerou efeito, é recente”, assinala. Isso porque depois que as empresas deixam de participar do mercado internacional, recuperar clientes ou obter outros leva tempo, acrescenta o dirigente.

 A retomada de contratos esbarra também na falta de demanda. “O preço (com o câmbio no nível atual) fica melhor, mas o mercado externo não está reagindo. Na Europa, não piorou, mas também não melhorou”, assinala, por sua vez, o vice-diretor da regional do Ciesp de São Caetano William Pesinato.

OTIMISMO

 Apesar das dificuldades, Rufino Filho mostra otimismo. “Com o dólar entre R$ 2,20 e R$ 2,30 estamos num patamar bom para a exportação. Além disso, tenho concorrente que só importa e essa taxa (cambial) já começa a incomodá-lo, a mexer nos seus custos. Para quem gosta de fabricar fica interessante”, considera.

  




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