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Um pouco do dinheiro da Copa poderia ir para o automobilismo
Marcelo Monegato
19/06/2013 | 07:26
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 Vou deixar um pouco a Fórmula 1 de lado. Quero aproveitar o clima de Copa das Confederações para falar de automobilismo. Ser chato um pouco. Irritante. E mostrar o quanto nossos líderes – governantes, empresários e dirigentes – são pós-graduados na arte da incompetência.

Durante a partida de abertura do torneio, entre Brasil e Japão, domingo, em Brasília, fiz rápida conta de quanto foi investido – entre dinheiro privado e público – somente para erguer e reformar os 12 estádios que serão palco da Copa do Mundo. E cheguei ao número absurdo de R$ 7,07 bilhões. Isso mesmo, bilhões – não milhões.

Somente o estádio da Capital nacional, o Mané Guarrincha, custou R$ 1,5 bilhão – é o mais caro de todos. Ali perto, há somente alguns metros, está o Autódromo Internacional Nelson Piquet. Completamente abandonado.

Alguns fins de semana atrás, quando por lá foi organizada etapa da Stock Car, os pilotos reclamaram de em determinados pontos do circuito o asfalto estar soltando. Na entrada da reta principal, espécie de tampa de bueiro estava solta e colocava em risco a vida dos pilotos.

Depois da Copa, para o que vai servir o Manezão? Para receber o clássico Gama x Brasiliense? Aliás, que divisão do campeonato nacional ocupam? O autódromo, mesmo com o esporte a motor no Brasil falido, será mais útil, recebendo não apenas a Stock, mas a Fórmula Truck, entre outras categorias. E, quem sabe, brigar para ser sede de categoriais internacionais, como a MotoGP, por exemplo.

No Rio de Janeiro, o Maracanã passou por mais uma reforma – a terceira de grande porte, se não me engano. Para isso foi desembolsada a bagatela – coisa pouca – de R$ 808 milhões. Quantos milhões, ou mesmo mil, foram investidos no automobilismo fluminense? Ah! Nem autódromo tem mais. Jacarepaguá, que chegou a receber a Fórmula 1 nos anos 1980, foi destruído para abrigar instalações da Olimpíada de 2016. Que absurdo!

Em Belo Horizonte e Salvador foram gastos, respectivamente, R$ 695 milhões e R$ 592 milhões. Na capital mineira sequer há pistinha para o pessoal se divertir. Na terra do axé, quando a Stock chega à cidade, um circuito de rua muito bagunçado é montado a toque de caixa.

Agora, São Paulo. Sim, a capital brasileira da velocidade. Sede da Fórmula 1. Da Fórmula Indy. Do moderno autódromo de Interlagos. Opa! Moderno? Simpático e honesto são adjetivos mais adequados. A velocidade na cidade mais importante do País está mal, também. Enquanto no Itaquerão – o Santiago Bernaleste, futuro estádio do Corinthians –, o governo federal coloca R$ 820 milhões para a abertura da Copa do Mundo, Interlagos vive de migalhas. A Indy tem de se contentar com traçado de rua, passando pela Marginal do Tietê, e tendo como plano de fundo um dos mais belos cartões-postais do planeta, o Tietê, rio mais poluído do mundo.

Que bom seria se apenas parte destes R$ 7,07 bilhões – alguns milhõezinhos – fosse destinada ao automobilismo para que novos Fittipaldis, Sennas, Piquets, Barros, Ferrans, Castroneves, Kanaans, Ingos, Serras, Boesels voltassem a dar alegria a pessoas como você – e eu também –, meros admiradores da velocidade. Que bom seria…




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