Querer ir além e não poder. É essa a sensação que estagiários e trainees têm quando não possuem autonomia nas empresas em que estão contratados. A constatação é da pesquisa realizada pela Page Talent – unidade de negócio da Page Personnel – especializada em recrutamento e seleção de novatos no mercado de trabalho. De acordo com o levantamento, feito em abril com 500 jovens de 18 a 24 anos, 35% dos entrevistados informaram que a falta de liberdade intelectual e funcional é o que mais desmotiva no emprego.

 A gerente da consultoria Manoela Costa explica que há até certa inquietude, por parte dos jovens profissionais, mas o que mais ‘pesa’ é a pressa por desenvolvimento. “É claro que um estagiário quer ser contratado no futuro, quer ser reconhecido, mas a busca por novas atribuições é mais um fator de crescimento pessoal”, pontua. “Os jovens têm o sonho de começar no ambiente corporativo já ocupando posições estratégicas, com a liberdade de executar seu próprio trabalho”, completa.

 Para Manoela, as expectativas são grandes, mas os jovens ainda não estão preparados para executar as tarefas sem supervisão.

 Para outros 34% da amostra, ser alocado em uma área pela qual não tem interesse, mesmo que por tempo determinado, é o maior desestímulo. “Por isso, é de extrema importância checar o perfil da empresa antes de se inscrever no processo de seleção. Se é uma companhia conservadora, fica mais difícil expressar as áreas de interesse. A conversa, certamente, será mais difícil”, avalia Manoela.

 Por último, 31% dos pesquisados sinalizaram que ficam mais desestimulados quando ideias próprias são desenvolvidas por outras pessoas, a mando do seu chefe.

DICAS

 Para que não haja conflito entre os interesses desses profissionais que acabaram de entrar no mercado de trabalho e o que realmente conseguem executar, a especialista recomenda que quando surge uma ideia, é preciso pensar em como executar. “Para isso, traga detalhes sobre como, quando, com que ferramentas e recursos conseguiria colocar essa ideia em prática. Com isso você consegue estar mais próximo da execução do seu projeto”, diz Manoela.

 A outra recomendação é para o profissional sempre mostrar a área que melhor se identifica. “Tente provar que seu conhecimento se assemelha às necessidades desse setor, busque informação, se mantenha atualizado e, sempre que possível, distribua dados relevantes sobre o mercado específico que mais te interessa. Com informação, é mais provável que seus superiores acabem concordando com você”, pontua a gerente

 Por fim, Manoela destaca a necessidade de agir rapidamente. No ‘mundo’ do trabalho problemas acontecem. A melhor coisa a se fazer é se antecipar e tentar resolvê-los antes que o chefe fique sabendo. “Busque as melhores formas de solucioná-los, antes que seu superior exija isso de você. Ser proativo e saber reconhecer o que merece maior ou menor atenção dá ao seu gestor mais confiança para que você possa começar a tocar seus projetos sem supervisão.”