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Emoção de andar a 200km/h em Interlagos
Fabiana Neves
Da Hp Press
08/09/2004 | 20:41
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Morrendo de medo. Foi assim que comecei o dia naquele domingo chuvoso, enquanto me dirigia ao autódromo de Interlagos, logo cedo. Pensava porque havia aceitado aquele convite. Não vou negar que gosto de velocidade e do ronco pesado dos motores, mas, como a maioria dos motoristas, prefiro controlar o carro. A intenção era sentir e traduzir a emoção de andar em um StockCar, a mais de 200km/h ocupando a "cadeira elétrica", nome nada simpático que se dá ao banco extra colocado nos carros de competição.

Chegando no autódromo, fui em busca da autorização especial para dar uma volta a bordo de uma dessas máquinas - infelizmente esse passeio não é permitido ao público em geral. Com tudo certo, desci até a pista, enquanto aguardava o fotográfo, afinal, esses momentos emocionantes precisavam ser registrados.

Aproveitei o tempo para conversar com os pilotos Adalberto Jardim, da equipe NasrCastroneves Racing e Ricardo Maurício, que está sem equipe atualmente, procurando saber mais sobre a corrida, a experiência dos pilotos, motor, dados técnicos. Na verdade, apenas tentava enganar o meu nervosismo - estava preocupada principalmente com a chuva, pois tenho pavor de pista molhada.

No momento em que o Adalberto me disse que o carro chega a 250 km/h na reta, quase desisti. Não deu tempo, o fotográfo chegou bem nesse momento. Recebi as instruções da equipe técnica da StockCar, coloquei o capacete e entrei na chamada gaiola do Astra Sedan, especialmente preparado para correr com um acompanhante. Eu, no caso.

Fui amarrada com um incontável número de cintos de segurança. A única coisa que lembro antes de ouvir o ronco pesado do motor V8 foi o Maurício me perguntando: "com ou sem emoção"? Já que não tinha mais jeito, vamos fazer direito, com muita emoção. Estava pronta. Pronta pra correr, tremer e rezar para voltar inteira.

O carro começa a andar e eu só sinto meu corpo grudar no banco, não sei se impulsionado pela velocidade, ou pelo medo. Chega o "S" do Senna e, apesar do medo, sinto falta da emoção das disputadas ultrapassagens, características daquele ponto. A habilidade do piloto me passa segurança e começo realmente a aproveitar a emoção de estar a quase 200km/h.

Nas retas a sensação é boa, mas nas curvas... a gente sofre. Parece que o piloto vai esquecer de frear, porém, quando você menos espera, a curva já passou. Chega a Curva do Sol e uma boa velocidade é desenvolvida. O carro derrapa por algumas vezes, conseqüência da pista molhada e dos pneus, que não estavam aquecidos. Isto aumenta ainda mais a emoção. Na Reta Oposta, a maior velocidade da volta é alcançada demonstrando bem toda a potência desse carro de corrida. Cheguei a me imaginar ali, acelerando a toda velocidade no encalço de algum piloto, fechando "a porta" para impedir a passagem de algum adversário.

Depois de passar pela curva do Lago, de alta velocidade, vem a curva Laranjinha cuja maior emoção é não enxergar a saída. O piloto imagina o traçado ideal e mete a bota no acelerador. Aí chega a curva do “S”, que traz uma nova emoção para mim: o circuito misto, mais lento, que requer muito mais técnica. As curvas têm que ser feitas no ponto certo e a estabilidade acaba sendo mais importante que a velocidade.

Passando pelo Pinheirinho, cuja força centrífuga espreme a gente ao banco, pegamos uma ligeira subida que nos leva ao Bico de Pato, o ponto mais lento do circuito. Ao sair dele, em direção ao Mergulho, me assusto com a potência do carro. Em um trecho tão pequeno, o piloto faz questão de acelerar bastante, para tentar, claro, fazer uma volta sempre mais rápida.

Chegamos a Junção, iniciando a subida em direção a Reta dos Boxes. Este ponto deveria ser o mais rápido, mas como a volta está acabando, começa a desaceleração na curva do Café. Andamos um pouco mais e paramos. A intenção era pedir bis, mas a equipe já começou a me desamarrar antes que eu pudesse falar qualquer coisa. É incrível como a velocidade fascina e cativa deixando a gente com o gostinho de "quero mais".




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