Política Titulo
Dirceu vai fiscalizar ações dos grupos interministeriais
09/04/2004 | 21:57
Compartilhar notícia


Em mais uma tentativa de assumir o "gerenciamento" do governo, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, terá uma nova rotina, que também inclui fiscalizar as ações dos grupos de trabalho interministeriais - mesmo os que não estão sob sua coordenação. Com a crise provocada pelo escândalo do caso Waldomiro Diniz (o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil que flagrado pedindo propina a um suposto bicheiro), Dirceu submergiu e o governo ficou paralisado. Agora, faz de tudo para retomar a rotina, sob o marketing da propalada "agenda positiva". Na segunda-feira (05), por exemplo, o ministro estará presente na cerimônia de assinatura do projeto da Lei Geral das Agências Reguladoras, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviará ao Congresso.

Chefiado pela Casa Civil, o grupo de trabalho criado para análise e avaliação do papel das agências reguladoras foi um dos poucos que produziram resultado. Mesmo assim, teve de recuar, após 11 meses de discussões. No início, com a bênção de Dirceu, propunha um modelo mais intervencionista, no qual o presidente da República poderia afastar a qualquer momento o diretor-geral das agências. Mas o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, venceu a queda-de-braço e, com o argumento de que as agências ficariam vulneráveis a interferências políticas se esse modelo fosse adotado, fez o grupo voltar atrás.

Estabilidade - "Os presidentes das agências terão estabilidade no cargo por quatro anos", diz o subchefe de Coordenação da Ação Governamental da Casa Civil, Luiz Alberto dos Santos, titular do grupo de trabalho das agências, sem querer comentar o vaivém.

No meio de grupos que batem cabeça, como o que promete há quase um ano a definição da linha da pobreza no Brasil, alguns conseguem se sobressair. Outro exemplo é o da equipe que apresentou detalhado relatório sobre a viabilidade de utilização de óleo vegetal biodiesel como fonte alternativa de energia. "Pela primeira vez na história deste país temos uma ação de governo que não é isolada nos ministérios", afirma a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, uma entusiasta dos grupos de trabalho e integrante de vários deles.

Petista como Marina e Dirceu, o ministro da Educação, Tarso Genro, acha que é preciso haver uma reestruturação da máquina administrativa. Tarso destaca que a estrutura do Estado é "fechada em si mesma", com alto grau de burocratização e precário controle do andamento das decisões. "Não falo isso em relação ao governo atual", ressalva. "Esta é a concepção do Estado brasileiro."

Adversário do PT, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, critica o estilo de governar de Lula. "O presidente quer ouvir todo mundo e chegar a consensos, sem afetar ninguém. Mas não tem jeito de governar sem que uns saiam ganhando e outros perdendo", diz ele, que é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PDT.

Para Paulinho, a proposta de reforma sindical só conseguiu ser esboçada porque a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical se reuniram paralelamente "umas cem vezes" durante 11 meses. "Se dependesse do grupo de trabalho, que tem 72 pessoas, a gente não conseguiria aprovar nada", conta numa referência ao Fórum Nacional do Trabalho. "Dali só saíam cobras e lagartos."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;