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13º salário começa a elevar saldo da caderneta de poupança
06/12/2006 | 22:02
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As cadernetas de poupança tiveram em novembro uma captação de R$ 2,644 bilhões, o que elevou o saldo dos depósitos para R$ 175,7 bilhões. O ganho, pelos dados divulgados ontem pelo Banco Central, foi o mais elevado desde os R$ 4,348 bilhões de dezembro do ano passado. O aumento na captação veio na esteira do crescimento da atratividade dos investimentos em cadernetas de poupança.

“Com a queda da Selic, o rendimento da poupança tem ficado muito parecido com os dos fundos de investimentos oferecidos pela rede bancária”, diz o diretor-geral da Abecip (Associação Brasileira das

Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), Osvaldo Correa Fonseca.

Ele lembra que as aplicações em poupança têm sobre os fundos de investimento a vantagem de serem isentas do Imposto de Renda. “Nos fundos, os investidores pagam imposto e taxa de administração”, comentou. Para Fonseca, isto contribui para que a rentabilidade da poupança fique mais próxima das dos fundos no cenário atual de redução dos juros na economia.

Migração – Apesar dessa avaliação, o diretor-geral da Abecip não acredita que esteja ocorrendo uma migração dos recursos do fundo para as cadernetas de poupança.

“Não foi isso que verificamos em novembro. O que tivemos no mês passado foi o impacto do pagamento da primeira parcela do 13º salário”, disse.

Para Fonseca o aumento da captação ficou muito concentrado nos dois últimos dias do mês. “Foi justamente quando houve o pagamento do 13º salário”, comentou. “Se fosse algo mais uniforme ao longo do mês, poderíamos dizer que estaria de fato ocorrendo uma transferência. Mas não foi isso que aconteceu."

No acumulado de janeiro a novembro a poupança ainda registra perda de R$ 1,3 bilhão. “O resultado só voltará a ficar positivo neste último mês do ano”, afirmou Fonseca. Com isso, a poupança deverá terminar 2006 com um ganho de R$ 1,3 bilhão em captações, estimou.

Mudança? – O diretor-geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança negou que a entidade tenha encaminhado ao Banco Central um pedido de mudança da fórmula de cálculo da TR com o objetivo de reduzir a rentabilidade da poupança.

“O que nós fizemos, há cerca de três meses, foi enviar ao governo um estudo mostrando quais seriam as conseqüências da poupança ter uma rentabilidade igual ou superior a dos fundos de investimento. Só isso.

Não houve um pleito nosso para mudar o cálculo da Taxa Referencial.”

O Banco Central apenas confirmou o recebimento do estudo e disse que não comenta o assunto. Os investimentos em poupança são remunerados com base na variação da TR mais juros de 6% ao ano. Com a TR a 2%, a rentabilidade da poupança está hoje em torno dos 8% ao ano.

O vice-presidente de Produtos e Serviços Bancários da CEF (Caixa Econômica Federal), Fábio Lenza, destaca que ainda considera prematura qualquer discussão para mudar o cálculo da TR e reduzir os ganhos da poupança. “A poupança ainda é uma fonte de recursos barata para os financiamentos habitacionais”, afirmou.

O debate sobre o tema, na opinião de Lenza, surgirá naturalmente no futuro. “Na medida em que a taxa Selic cair ainda mais, poderemos ter uma situação em que o custo de captação dos recursos de poupança ficará alto. Aí teremos que fazer alguma discussão sobre a questão”, comentou.

Para o dirigente da CEF, o aumento da rentabilidade da poupança não tem provocado uma perda de recursos dos fundos de investimento.

“O que temos é que a poupança passou a ser mais uma opção de aplicação financeira para os investidores”, disse.

Ganhos – De acordo com o diretor-geral da Abecip, o ganho de competitividade da poupança ainda não foi suficiente para dificultar o cumprimento da regra de direcionamento de 65% do saldo destes investimentos em financiamento habitacional.

“Seria necessário um crescimento muito grande do saldo total para que surgisse alguma dificuldade de enquadramento na regra do Banco Central”, afirmou. O nível médio de aplicação hoje é de 75% do saldo, segundo ele.



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