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Hospitais de Nablus pedem fim de toque de recolher
Das Agências
11/04/2002 | 15:48
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Devido ao elevado número de mortos, os hospitais de Nablus enfrentam sérios problemas e já chegam a pedir às autoridades militares o fim do toque de recolher para que os corpos sejam entregues as suas famílias, mas não têm respostas. Como os corpos não podem ser enterrados, eles são mantidos até um caminhão-frigorífico, dos usados para o transporte de carne, está sendo utilizado para conservar cerca de vinte corpos.

São homens e mulheres de idades entre 17 e 70 anos que foram recolhidos em diversas partes da cidade, principalmente na Casbah, ou seja, a parte velha da cidade de Nablus, onde os combates foram particularmente intensos. Nenhum dos mortos conservados no caminhão-frigorífico morreu naturalmente.

"Dentro de três ou quatro semanas, vamos ter que levá-los para uma fossa comum e enterrá-los juntos, porque não podemos conservá-los por mais tempo", lamenta Jawhari. No pátio do hospital, onde o caminhão-frigorífico está estacionado, o cheiro já está insuportável.

"Achávamos que isso (o toque de recolher) aconteceria quarta-feira mas nada aconteceu. Hoje ainda não nos disseram nada também. Todas mas religiões tem um ritual especial para se despedir de seus mortos e nós, muçulmanos, também. A hipótese de fossa comum nos apavora", lamenta.

Pelo menos 61 pessoas morreram em Nablus desde o dia 3 de abril nos enfrentamentos com o exército israelense, segundo uma lista oficial das autoridades locais. Porém, o número pode aumentar já que ainda são procurados corpos entre os escombros das casas e nos locais que ficaram sem qualquer comunicação por causa dos bombardeios. Fala-se em algo em torno de 100 mortos.

Treze corpos já foram colocados em fossas comuns no bairro histórico da cidade, outros foram enterrados pelas próprias famílias e o restante dos mortos estão distribuidos entre três centros médicos.

Os responsáveis do hospital Rafidia admitem que já pensaram em dois possíveis lugares, um próximo ao palácio e outro na saída do campo de refugiados de Askar, para cavar uma fossa onde seja possível depositar os corpos, envoltos em mortalhas e com o nome dos falecidos, com a esperança de recuperá-los quando a situação se acalmar e possibilitar que tenham um enterro digno.




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